O aprimoramento do desenvolvimento socioemocional assume um papel indispensável no contexto educacional, moldando a formação integral dos estudantes e preparando-os para interagir de maneira positiva com o mundo ao redor.
Nesse cenário, destacam-se cinco macrocompetências que auxiliam no processo educativo, promovendo habilidades essenciais para a vida. Este texto explora a importância delas no contexto escolar, delineando sua relevância e contribuição para o crescimento socioemocional dos alunos.
O que são macrocompetências?
As macrocompetências representam conjuntos de competências que contribuem para o progresso integral do indivíduo. No contexto socioemocional são fundamentais para promover uma adaptação saudável e relações interpessoais positivas, se revelando na maneira habitual de agir e reagir diante de estímulos sociais.
No cotidiano, é possível identificar diversas situações que exigem posturas específicas, como a curiosidade para entender o funcionamento de uma tecnologia, bem como a capacidade de manter o foco diante de múltiplos estímulos ou a confiança nas pessoas ao enfrentar desafios complexos.
Reconhecendo a necessidade de cultivar tais habilidades no ambiente escolar, o Instituto Ayrton Senna, embora ciente da diversidade de abordagens e teorias sobre o tema, adota atualmente um modelo que estabelece cinco macrocompetências, desdobradas em 17 competências.
O desenvolvimento desse conjunto de competências socioemocionais no processo de ensino e aprendizagem demanda a atuação tanto em políticas públicas quanto na introdução de práticas pedagógicas inovadoras, envolvendo diversos participantes do cenário educacional. Portanto, é imperativo buscar uma compreensão compartilhada sobre a natureza dessas capacidades e as maneiras como podem ser cultivadas no contexto escolar, tanto por parte dos professores quanto dos estudantes.
As competências socioemocionais também encontram espaço na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), assegurando oportunidades de evolução integral. Para concretizar esse propósito, a BNCC delineia dez competências gerais a serem fomentadas pela educação, abrangendo aspectos cognitivos, culturais, éticos e socioemocionais.
Conheça os cinco grupos de macrocompetências:
Resiliência emocional
A Resiliência Emocional reúne as competências da tolerância ao estresse, tolerância à frustração e autoconfiança. Entendida como a habilidade de lidar eficazmente com as próprias emoções e desafios, revela-se como uma macrocompetência vital no contexto educacional.
Ao demonstrar equilíbrio e controle diante de reações emocionais, como raiva, insegurança e ansiedade, os indivíduos fortalecem sua capacidade de enfrentar desafios e superar adversidades.
Aqueles com um nível mais elevado de resiliência emocional confiam plenamente em suas capacidades, desenvolvendo mecanismos de enfrentamento saudáveis de situações desafiadoras.
Em contraste, indivíduos com menor resiliência emocional tendem a ser emocionalmente instáveis, sendo facilmente afetados pelas situações cotidianas. Essa instabilidade pode manifestar-se em irritação, ansiedade e impulsividade, dificultando o retorno a um estado emocional de tranquilidade.
Professores que cultivam essa macrocompetência conseguem regular suas emoções diante das demandas profissionais, interações com estudantes e a comunidade escolar. Essa capacidade contribui para a prevenção de desgastes desnecessários e fortalece a resiliência dos alunos, ajudando-os a enfrentar as complexidades do crescimento pessoal e do aprendizado.
Abertura ao novo
A macrocompetência Abertura ao Novo envolve habilidades como a curiosidade para aprender, interesse artístico e imaginação criativa. Destaca-se como predisposição para explorar novas ideias, perspectivas e experiências, promovendo um ambiente educacional dinâmico.
Essa prática é fundamental para estimular um aprendizado enriquecedor, no qual os alunos tornam-se receptivos a diversas culturas, opiniões e desafios, expandindo sua visão de mundo.
A disposição para ser aberto ao novo está intrinsecamente ligada à propensão para experimentar novas experiências estéticas, culturais e intelectuais.
Indivíduos que possuem essa característica demonstram uma atitude investigativa, curiosidade em relação ao mundo, flexibilidade e receptividade a novas ideias. Eles apreciam a diversidade de manifestações artísticas e estéticas, buscam compreender profundamente o funcionamento das coisas, pensam de maneiras diferentes e desenvolvem ideias criativas e não convencionais.
Aqueles com alta abertura ao novo destacam-se por sua habilidade em inovar, ter novas percepções sobre o mundo, aprender com os erros e mostrar entusiasmo em criar. No contexto educacional, professores que cultivam essa macrocompetência demonstram paixão por aprender, entender e explorar novas ideias.
Eles se interessam pelas perguntas e experiências dos estudantes, compartilham entusiasticamente novos conhecimentos e inovam em suas práticas de ensino. Utilizam diversas estratégias para explicar o conteúdo, criando exemplos que contemplam a diversidade de estudantes em suas muitas dimensões.
Amabilidade
A Amabilidade, macrocompetência que envolve a empatia, respeito e confiança, é fundamental no fortalecimento das relações interpessoais.
Ao fomentar a amabilidade na escola, cria-se um ambiente propício para o respeito mútuo, a construção de laços afetivos e o estabelecimento de uma comunidade escolar mais saudável e positiva.
Essa macrocompetência vai além da simples cortesia, abrangendo a capacidade de agir com base em princípios e sentimentos de compaixão, justiça e acolhimento. Reflete o grau de habilidade em conectar-se com os sentimentos das pessoas, colocando-se no lugar do outro.
A pessoa amável caracteriza-se por agir de modo cooperativo e não egoísta, demonstrando preocupação em auxiliar os demais e ser solidária.
O indivíduo amável apresenta uma profunda preocupação com a harmonia social e valoriza relacionamentos saudáveis. Geralmente, é respeitoso, amigável, generoso, prestativo e está disposto a confiar nas pessoas. Isso não quer dizer que seja ingênuo, mas sim justo e receptivo a relacionamentos empáticos e baseados na confiança.
Ao cultivar a amabilidade na escola, se promove um ambiente mais acolhedor e também se estabelece a base para a construção de uma comunidade escolar onde a empatia e a cooperação são valores centrais. Esses elementos são fundamentais para o pertencimento escolar, garantindo que o jovem goste de estar na escola e não abandone seus estudos.
Autogestão
A Autogestão, enquanto macrocompetência, abrange as habilidades de foco, responsabilidade, organização, persistência e determinação. Todas essas competências são fundamentais para estabelecer metas e conduzir comportamentos de maneira autônoma. Os alunos que cultivam essa competência destacam-se pela capacidade de se autorregular para cumprir objetivos escolares, traçar metas realistas e manter um equilíbrio saudável entre as exigências acadêmicas e a vida pessoal.
A autogestão envolve a capacidade de definir objetivos claros e adotar meios éticos para alcançá-los com base na persistência e dedicação.
Relaciona-se diretamente com a habilidade de fazer escolhas na vida profissional, pessoal ou social, promovendo a liberdade e autonomia. Indivíduos com a autogestão bem desenvolvida são reconhecidos por sua disciplina, perseverança, eficiência e orientação para alcançar metas.
Muito além de uma competência inata, a autogestão pode ser desenvolvida e fortalecida ao longo da vida, assim como as demais macrocompetências.
No contexto educacional, professores com autogestão bem desenvolvida auxiliam na estruturação e gestão eficaz do processo de ensino e aprendizagem. Planejam suas aulas e atividades com cuidado e antecedência, monitoram o tempo de forma eficiente e são pontuais e organizados.
Além disso, lidam habilmente com a elaboração e o monitoramento de acordos que beneficiam o aprendizado, deixando claras as expectativas. Ao realizar sínteses ao final das aulas e revisar o conteúdo antes de momentos avaliativos, esses educadores contribuem significativamente para o sucesso no processo de aprendizagem.
Engajamento com os outros
A macrocompetência Engajamento com os Outros, que reúne o entusiasmo, iniciativa social e a assertividade, destaca a significativa importância da interação social positiva, abrangendo habilidades essenciais para o bom convívio em sociedade.
O desenvolvimento dessa competência na escola é fundamental para promover relações interpessoais saudáveis, preparando não apenas para a convivência na sociedade, mas também para o ambiente profissional.
O engajamento com os outros vai além da simples interação social; trata-se da motivação e abertura para se envolver em conexões significativas com o mundo externo, outras pessoas e experiências. Essa macrocompetência impulsiona a disposição para conhecer e dialogar com outros, manifestando-se de maneira afirmativa e assumindo a liderança quando necessário.
Indivíduos com essa competência bem desenvolvida buscam ativamente o contato social, sendo amigáveis, seguros, energéticos e entusiasmados em suas interações. Ao cultivar o engajamento com os outros na escola, se fortalece a habilidade de colaboração, mas também se proporciona ferramentas valiosas para prosperarem em ambientes sociais e profissionais diversos.
Essa macrocompetência também é fundamental para o engajamento social e político dos indivíduos, que demonstram genuíno interesse no bem-estar comum.
Importante: Todas as macrocompetências não são inatas e podem ser desenvolvidas e fortalecidas ao longo da vida. Ao mesmo tempo, é importante ressaltar que cada estudante tem uma personalidade própria, e pode buscar desenvolver uma combinação de competências diferente de seus colegas. No processo do desenvolvimento socioemocional, a individualidade e características próprias também são consideradas.
Um estudante pode desenvolver com mais facilidade a autogestão e precisar de mais atenção da sua amabilidade, por exemplo, enquanto um colega pode ter mais facilidade para ser empático e mais dificuldade em ter foco. Nesse percurso, é papel do professor mediar esse desenvolvimento e provocar discussões sobre o tema na sala de aula.
Conclusão
Ao centrar esforços na promoção e desenvolvimento destas cinco macrocompetências, as instituições de ensino assumem um papel no fortalecimento do progresso socioemocional de seus alunos.
Essas habilidades transcendem a esfera acadêmica, permeando as diversas dimensões da vida dos estudantes, capacitando-os para enfrentar os desafios educacionais e também os complexos cenários sociais e profissionais que encontrarão ao longo de suas jornadas.
A resiliência emocional, a abertura ao novo, a amabilidade, a autogestão e o engajamento com os outros não são apenas atributos individuais; são alicerces fundamentais para a construção de uma sociedade mais colaborativa, empática e dinâmica. Ao desenvolver essas competências, as instituições de ensino preparam os estudantes para se destacarem em suas trajetórias acadêmicas e para serem agentes ativos e positivos em suas comunidades.
Além disso, ao integrar essas macrocompetências no ambiente educacional, as escolas contribuem para a formação integral e fomentam uma cultura de respeito mútuo, compreensão e cooperação. Dessa forma, estão criando estudantes capacitados academicamente e cidadãos preparados para enfrentar e moldar um mundo em constante evolução.
Assim, a ênfase nessas macrocompetências enriquece o percurso educacional e posiciona os estudantes como agentes de mudança. Deixando-os prontos para contribuir positivamente em suas comunidades e abraçar os desafios de uma sociedade cada vez mais complexa e interconectada.
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