Fases da alfabetização: conheça as etapas e evoluções

Entenda como as fases da alfabetização moldam o aprendizado da criança, desde o reconhecimento das letras até a fluência na leitura e escrita, e descubra formas de apoiar cada etapa desse processo.

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Agenda Ico 23 jun 2025
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As fases da alfabetização representam uma das etapas mais transformadoras da vida escolar. Esse processo está diretamente ligado ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais que acompanham a criança ao longo de toda a sua trajetória educacional.

Compreender essas etapas garante que cada estudante tenha acesso a uma aprendizagem significativa, construída com base em seu ritmo individual e em práticas pedagógicas acolhedoras. Quando o processo de alfabetização respeita as necessidades de cada criança, ele se torna uma poderosa ferramenta de inclusão e de desenvolvimento humano.

O que é o processo de alfabetização?

O processo de alfabetização envolve a aquisição do sistema de escrita alfabética, ou seja, a capacidade de relacionar letras e sons para formar palavras, frases e textos com sentido.

É uma construção que começa muito antes da entrada formal na escola, quando a criança observa adultos lendo, brinca com sons e letras e ouve histórias. Com o tempo, ela passa a entender que a escrita representa a fala e começa a experimentar essa linguagem de forma autônoma.

A alfabetização, portanto, é uma prática social e cultural, não apenas uma habilidade técnica.

Por que entender as fases da alfabetização é tão importante?

Cada criança aprende no seu tempo, mas existe uma sequência de fases comum à maioria. Quando pais e educadores compreendem essas etapas, conseguem oferecer o suporte necessário, evitando pressões desnecessárias e respeitando o ritmo individual de aprendizagem.

Além disso, reconhecer os sinais de avanço ou dificuldade em cada fase permite agir de forma preventiva, antes que o problema se agrave ou impacte a autoestima da criança.

Fases da aprendizagem da leitura

A leitura é uma habilidade construída aos poucos, e não algo que surge espontaneamente. Desde os primeiros contatos com livros até a compreensão de textos mais complexos, a criança passa por diferentes fases, cada uma com desafios e conquistas próprias.

A Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto nº 9.765, de 11 de abril de 2019, traz propostas baseadas na ciência cognitiva da leitura, ramo da Psicologia Cognitiva que agrega conhecimentos da Neurociência para entender os processos de aprendizagem.

A PNA apresenta seis componentes como essenciais para a alfabetização: consciência fonêmica; instrução fônica sistemática; fluência em leitura oral; desenvolvimento de vocabulário; compreensão de textos; e produção de escrita.

Pré-alfabético a alfabético parcial

Nessa etapa, a criança domina o código escrito, distingue letras, sílabas, palavras e frases, além de compreender que a escrita tem função social.

Ao final do 1º ano espera-se que o aluno já domine o código escrito, distinguindo letras, sílabas, palavras e frases, além de compreender que a escrita tem função social. 

Alfabético completo

Domina as diferentes relações sons/grafias da língua portuguesa, sendo capaz de ler e escrever pequenos textos, de maneira autônoma.

No 2º ano, os alunos devem avançar para o domínio das diferentes relações sons/grafias da língua portuguesa, sendo capaz de ler e de escrever pequenos textos, de maneira autônoma. 

Alfabético consolidado

Domina a ortografia, a produção escrita e a leitura de textos mais longos e mais complexos. Adquire autonomia na escrita e fluência leitora

O 3º ano é o momento de consolidar a alfabetização pelo domínio da ortografia, produção escrita e leitura de textos mais longos e mais complexos.

A construção do vocabulário na alfabetização

As fases da alfabetização são momentos de descoberta, cada etapa fortalece o aprendizado da criança.

As fases da alfabetização são momentos de descoberta, cada etapa fortalece o aprendizado da criança.

Expandir o vocabulário é essencial para o desenvolvimento da leitura e escrita. Quanto mais palavras a criança conhece, mais fácil se torna compreender textos, expressar ideias e escrever com clareza.

Esse processo começa desde cedo e pode ser estimulado com atividades simples, como:

  • Leituras compartilhadas com adultos;
  • Conversas sobre temas variados;
  • Jogos de palavras, rimas e adivinhas;
  • Contato com músicas, filmes e conteúdos culturais.

Com um vocabulário mais rico, a criança avança com mais segurança pelas fases da alfabetização e letramento, consolidando sua capacidade de ler, escrever e interpretar.

Métodos de alfabetização: do tradicional ao contemporâneo

Há 40 anos, um debate sobre qual método de alfabetização seria mais efetivo para as crianças aprenderem a ler e a escrever levou a mudanças pedagógicas que impactaram desde a formação inicial dos professores alfabetizadores até a prática em sala de aula. Até os anos 1980, predominaram métodos sintéticos e analíticos de alfabetização, descontinuados pela introdução da teoria da Psicogênese da Língua Escrita, da psicóloga argentina Emilia Ferreiro, que resultou na transposição das práticas antigas de alfabetização (as cartilhas) para estratégias (abordagem construtivista) que não priorizam a necessidade de aprendizagem do Sistema de Escrita Alfabética pela relação letra-som, tendo inclusive passado a compor documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais.

O Instituto Ayrton Senna defende não haver um método melhor que o outro, ou que sirva para todos os alunos, mas sim trajetórias diferentes que alfabetizem todos os alunos – todos, sem exceção —, mesmo os que são considerados como de inclusão, cuja variável a ser alterada é a do tempo de aprendizado. As pessoas não aprendem todas do mesmo jeito. Muitas crianças evoluem sem grandes traumas ou até com velocidade acima do esperado, mas outras precisam de um olhar mais atento para não serem obrigadas a se conformar com a realidade de um fracasso erroneamente considerado como seu. 

Fases da alfabetização e letramento: qual a diferença?

No Brasil, o termo ‘letramento’ surge a partir de estudos da educadora Magda Soares, entendido como desenvolvimento de habilidades de uso do sistema alfabético em práticas sociais, sendo adotado por pesquisadores e educadores. 

O Instituto Ayrton Senna, por sua vez, utiliza o termo ‘Alfabetização 360º:

o conceito de alfabetização 360° amplia a perspectiva da alfabetização como a capacidade para ler e escrever com compreensão, coerência e fluência e traz a essência da educação integral. Isso implica em um trabalho intencional, dentro do processo de ensino e aprendizagem, com diferentes dimensões humanas (intelectual, física, socioemocional), e em articular a apropriação do sistema de escrita alfabético com o desenvolvimento de outras linguagens e das chamadas competências socioemocionais. Essas linguagens, como a matemática, a científica, a digital, a corporal, a artística, etc., são entendidas como meio de interação com o mundo, que transformam nossa forma de perceber, sentir e entender o que está a nossa volta.

Fases da escrita no processo de alfabetização

Assim como acontece com a leitura, a escrita também segue etapas específicas. As fases da escrita no processo de alfabetização mostram como a criança vai construindo, aos poucos, o entendimento sobre o funcionamento da linguagem escrita.

Pré-silábica

A criança ainda não entende que existe correspondência entre letras e sons. Os registros podem ser rabiscos ou letras aleatórias.

Silábica

Ela passa a representar sílabas com letras, por exemplo, “BO” para “bola”. Já percebe que a fala pode ser dividida em partes.

Silábico-alfabética

Mistura sílabas com letras soltas, aproximando-se da escrita convencional. Ainda há inconsistências, mas o avanço é claro.

Alfabética

A escrita já representa os sons de maneira mais precisa. A criança consegue escrever palavras completas e compreensíveis.

Ortográfica

Refina o uso da língua, aplicando regras gramaticais, pontuação e ortografia. Já há produção de textos com coerência e coesão.

Compreender essas etapas evita cobranças indevidas e ajuda professores e famílias a apoiarem a criança de forma adequada em cada momento do seu desenvolvimento.

Fases da alfabetização por idade: o que esperar?

Ao final do 1º ano a criança deve ser capaz de: 1) ler, em colaboração com colegas e com a ajuda do professor, diferentes textos previstos para essa fase escolar; 2) produzir textos simples de gêneros da vida cotidiana, como cantigas, quadrinhas, parlendas, trava-línguas, histórias, poemas, avisos, convites, receitas, recados, instruções de montagens, por exemplo.

No 2º ano, o aluno deve ser capaz de: 1) ler e compreender textos de diferentes gêneros do cotidiano adequados à sua faixa etária; 2) planejar e produzir textos de gêneros do cotidiano, levando em conta a situação comunicativa e o tema/assunto/ finalidade do texto, em meio impresso ou digital; 3) escrever com maior segurança e ler textos destinados à sua faixa etária, silenciosamente ou em voz alta.

No 3º ano, a escola deve trabalhar de maneira regular e sistemática o processo de consolidação dos conhecimentos visando construir o sistema de escrita para que a criança: 1) perceba a distinção entre o modo como se fala e o modo como se escreve; 2) desenvolva a fluência leitora, isto é a capacidade de ler e de compreender textos de gêneros diversos; 3) desenvolva autonomia na escrita para a produção de textos claros e coerentes por meio do uso consciente de recursos que garantam a identidade de cada gênero. 

O papel da família no processo de alfabetização

O ambiente familiar tem um peso enorme no sucesso da alfabetização. Algumas atitudes simples podem fazer grande diferença:

  • Ler em voz alta todos os dias.
  • Conversar sobre livros, histórias e personagens.
  • Oferecer papel, lápis e livros acessíveis em casa.
  • Valorizar toda tentativa de escrita, mesmo que não esteja correta.

Essas práticas fortalecem o vínculo com a linguagem escrita e tornam o aprendizado mais significativo.

Como lidar com dificuldades nas fases da alfabetização?

Com o apoio adequado, as fases da alfabetização se tornam uma jornada de conquistas e evolução no aprendizado.

Com o apoio adequado, as fases da alfabetização se tornam uma jornada de conquistas e evolução no aprendizado.

Nem todas as crianças seguem o mesmo ritmo no processo de alfabetização; e isso é totalmente normal. 

O mais importante é agir com sensibilidade. Comparar o desempenho da criança com o de colegas pode gerar ansiedade e desmotivação. Em vez disso, é fundamental ouvir os professores, entender as particularidades de cada fase e, se necessário, buscar o apoio de especialistas, como psicopedagogos.

O reforço também pode acontecer em casa, de forma leve e divertida. Brincadeiras com palavras, leitura de livros que despertem curiosidade e atividades lúdicas fazem toda a diferença nesse processo.

Identificar e acolher essas dificuldades logo no início torna o caminho mais fácil e mais leve para todos os envolvidos.

Quando a criança está pronta para a alfabetização?

O estudante é considerado alfabetizado quando está no nível alfabético consolidado, quando domina a ortografia, a produção escrita e a leitura de textos mais longos e mais complexos.

Adquire autonomia na escrita e fluência leitora. Espera-se que o estudante atinja esse nível no 3° ano do Ensino Fundamental.

Dicas práticas para apoiar as fases da alfabetização

Pequenas ações no dia a dia fazem toda a diferença no desenvolvimento da leitura e escrita. Veja como contribuir de forma simples e eficaz:

  • Estabeleça uma rotina de leitura compartilhada, mesmo que por poucos minutos.
  • Brinque com palavras, rimas, adivinhas e sons, isso fortalece a consciência fonológica.
  • Crie um cantinho da leitura com livros acessíveis, coloridos e variados.
  • Estimule a escrita espontânea com listas de compras, recadinhos ou cartinhas para a família.
  • Após a leitura, converse sobre a história: o que aconteceu? O que a criança achou mais interessante?
  • Valorize cada avanço, reconhecendo o esforço e celebrando cada nova conquista.

A alfabetização é um percurso cheio de descobertas, e todo apoio conta. Seja em casa, na escola ou em iniciativas sociais, quanto mais estímulo e acolhimento, maior a chance de a criança desenvolver confiança e prazer pela leitura.

O Instituto Ayrton Senna, por exemplo, atua há décadas com projetos que fortalecem a educação pública e o processo de alfabetização em todo o Brasil. Com foco no desenvolvimento integral dos estudantes, a organização contribui para que milhares de crianças tenham acesso a uma aprendizagem significativa, superando desigualdades e construindo um futuro com mais oportunidades.

Apoiar as fases da alfabetização é investir em uma sociedade mais justa, consciente e participativa.

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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