Alfabetização e letramento: existe diferença? Entenda.

Descubra o que é alfabetização e letramento, quais suas diferenças e como promover práticas pedagógicas inclusivas que formam leitores e escritores para a vida.

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A diferença entre alfabetização e letramento vem sendo discutida há muito tempo. Até os anos 1980, eram usados principalmente métodos tradicionais de ensino da leitura e da escrita, como os métodos sintéticos e analíticos. Esses métodos foram deixados de lado com a chegada da teoria da Psicogênese da Língua Escrita, desenvolvida pela psicóloga argentina Emilia Ferreiro.

Essa teoria trouxe uma nova forma de ensinar, baseada no construtivismo, que deixou de focar apenas na relação entre letras e sons. Em vez disso, passou a valorizar a construção do conhecimento pela criança, mudando o uso das cartilhas por atividades mais significativas. Essa abordagem passou, inclusive, a fazer parte de documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).

Com o tempo, o termo “letramento” começou a ser usado com mais frequência, especialmente após os estudos da educadora Magda Soares. Ela ajudou a definir letramento como a habilidade de usar a leitura e a escrita nas situações reais do dia a dia, dentro dos contextos sociais.

Assim, enquanto a alfabetização se refere ao aprendizado do sistema de escrita em si, o letramento amplia esse olhar, destacando a importância de usar esse conhecimento de forma prática e com sentido. Ambos os processos são importantes e devem caminhar juntos na educação.

Definição de alfabetização e letramento: compreendendo os conceitos

No livro Alfabetização e Letramento, publicado em 2003, Magda Soares apresenta as diferenças entre esses dois conceitos a partir de diversos pontos de vista. Segundo a autora, alfabetização é o processo de aprender o sistema da escrita, ou seja, desenvolver as habilidades de ler e escrever. Trata-se de um aprendizado voltado para o domínio do código da linguagem escrita.

No entanto, ela destaca que, ao mesmo tempo em que a criança aprende a ler e escrever, também começa a compreender os significados do que lê e escreve. Isso significa que a alfabetização não se limita ao aspecto técnico, mas envolve também uma dimensão de compreensão.

Letramento funcional: a capacidade de usar a leitura e escrita no cotidiano

O termo “letramento funcional” começou a se espalhar a partir de um estudo internacional sobre leitura e escrita feito por Gray, em 1956, para a UNESCO. Esse estudo trouxe um novo olhar para o uso da leitura e da escrita no dia a dia, destacando sua importância prática nas atividades cotidianas.

Gray explicou que o letramento funcional surgiu com base em pesquisas e experiências feitas nas décadas anteriores. Ele reforçou a ideia de que ler e escrever não servem apenas para fins escolares, mas são ferramentas essenciais para a vida em sociedade.

Segundo Gray, uma pessoa com letramento funcional é aquela que desenvolveu conhecimentos e habilidades de leitura e escrita suficientes para participar de todas as situações em que essas habilidades são normalmente exigidas dentro de sua cultura ou grupo social.

A diferença entre alfabetização e letramento: esclarecendo as distinções

Vimos acima o conceito de alfabetização para Magda Soares e, agora, iremos adentrar no sentido que a professora atribui ao termo letramento. Para a professora Magda Soares, o letramento vai além de apenas saber ler e escrever de forma mecânica.

Ele envolve a capacidade de usar a leitura e a escrita com compreensão e de maneira adequada em diferentes situações do dia a dia. Ou seja, não basta decifrar as letras e formar palavras — é preciso entender o que se lê e saber se comunicar por escrito com sentido.

Enquanto a alfabetização se refere ao processo de aprender o código da escrita — como transformar sons em letras e compreender o que está escrito —, o letramento complementa esse processo, pois foca no uso social da linguagem escrita. É por meio do letramento que a pessoa passa a usar a leitura e a escrita como ferramentas de participação na sociedade.

Magda Soares destaca que, ao letrar, é preciso considerar os diferentes contextos sociais nos quais as pessoas estão inseridas. Isso porque como se fala e escreve pode variar conforme o grupo social, refletindo diferentes maneiras de se expressar e compreender o mundo.

Assim, o letramento não é apenas uma etapa após a alfabetização, mas algo que se desenvolve com ela. Ele permite que o indivíduo se aproprie da linguagem de forma mais crítica e significativa, entendendo os diferentes usos e sentidos que a leitura e a escrita podem ter nas práticas sociais.

A inclusão no processo de alfabetização: garantindo o acesso ao ensino para todos

A inclusão no processo de alfabetização é fundamental para garantir que todos os alunos, independentemente de suas condições, possam desenvolver suas habilidades de leitura e escrita, bem como outras linguagens. Isso envolve criar condições adequadas para que crianças com diferentes necessidades tenham acesso ao conhecimento e possam participar ativamente da aprendizagem.

Garantir a inclusão significa adotar práticas pedagógicas que respeitem a diversidade e promovam um ambiente de aprendizagem acolhedor e acessível. O uso de recursos adaptativos, o atendimento individualizado e o incentivo à participação ativa de todos os alunos são estratégias essenciais nesse processo.

Além disso, a inclusão no processo de alfabetização também se relaciona com a valorização das diferentes culturas, linguagens e contextos dos estudantes. Assim, assegura que suas realidades sejam respeitadas e que suas experiências de vida sejam integradas ao aprendizado da leitura e escrita.

A alfabetização inclusiva favorece a aprendizagem dos alunos com necessidades específicas e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Atividades de alfabetização e letramento: práticas pedagógicas para desenvolver habilidades de leitura e escrita

Atividades práticas estimulam a alfabetização e letramento, tornando a leitura e a escrita parte do dia a dia dos alunos.

Atividades práticas estimulam a alfabetização e letramento, tornando a leitura e a escrita parte do dia a dia dos alunos.

Independentemente da aplicação do conceito de alfabetização e letramento, as atividades são fundamentais para o desenvolvimento das competências de leitura e escrita de maneira significativa e eficaz. Essas práticas pedagógicas devem ser planejadas para integrar o ensino da língua com o cotidiano dos alunos, tornando o aprendizado mais aplicável e conectando-o ao mundo real.

Entre as estratégias possíveis, destacam-se a leitura de textos literários, brincadeiras de rimas e parlendas e atividades de escrita criativa, como a produção de pequenos textos e histórias. O uso de jogos de palavras, atividades que associam letras a imagens e a exploração de textos visuais (como anúncios e cartazes) também são práticas valiosas para o trabalho integrado de alfabetização e letramento.

Atividades que incentivem a leitura em voz alta, discussões em grupo sobre o conteúdo lido e a interpretação de textos ajudam os alunos a desenvolver a capacidade técnica de ler e escrever, além de habilidades de análise e reflexão crítica. Ao refletirem sobre o que leem e discutirem suas ideias com os colegas, tornam-se leitores mais conscientes e críticos.

É importante ressaltar que as atividades devem ser diversificadas para atender às diferentes necessidades e interesses dos alunos, respeitando seus ritmos e estilos de aprendizagem. Isso garante que todos os estudantes possam se desenvolver de forma plena e autônoma, incorporando a leitura e a escrita em suas vidas de maneira funcional e significativa.

O papel do professor no processo de alfabetização e letramento

Como vimos, existem muitas correntes de pensamento nos quais a diferenciação entre alfabetização e letramento é fundamental. Independentemente dos conceitos utilizados, o papel do professor no processo de alfabetização e letramento é fundamental para o sucesso do aprendizado dos alunos. O educador deve ser um mediador do conhecimento, criando um ambiente de aprendizagem que estimule a curiosidade, a reflexão e o desenvolvimento das habilidades linguísticas de maneira significativa.

O professor deve planejar atividades que integrem a leitura e a escrita de forma criativa e contextualizada, considerando diferentes realidades e ritmos de aprendizagem. É importante que o educador observe de perto o progresso de cada estudante, oferecendo suporte e adaptação nas estratégias pedagógicas conforme necessário.

A interação entre professor e aluno é fundamental para o desenvolvimento da confiança e da motivação, dois fatores cruciais para o sucesso no processo de alfabetização e letramento.

O educador deve incentivar a participação ativa dos alunos, promovendo discussões, questionamentos e reflexões sobre o que estão aprendendo. Dessa forma, é possível garantir que a leitura e a escrita se tornem ferramentas poderosas no entendimento do mundo ao redor.

O professor deve ser um exemplo de leitor e escritor, mostrando como a linguagem pode ser usada para expressar ideias, emoções e argumentos. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento técnico da alfabetização e também para a formação de cidadãos críticos, capazes de usar a leitura e a escrita para transformar suas realidades.

Alfabetização e letramento no ensino fundamental: construindo a base para o sucesso acadêmico

Os conceitos de alfabetização e o letramento são bastante utilizados entre docentes do Ensino Fundamental, pois são parte de diversas teorias e discussões pertinentes à área.

Nesse viés, o processo de alfabetização envolve a compreensão do significado das palavras e a construção do raciocínio lógico por meio da linguagem. Já o letramento incentiva o uso da leitura e escrita como ferramentas para explorar o mundo, comunicar-se e resolver problemas do cotidiano.

Independentemente da visão, durante as primeiras séries, é essencial que os estudantes adquiram habilidades sólidas de leitura e escrita, que servirão como alicerce para seu aprendizado futuro.

Durante o Ensino Fundamental, é vital que os alunos dominem as técnicas de leitura e escrita, além de aprenderem a aplicar essas habilidades de maneira crítica e criativa. Isso é possível mediante atividades que desafiem o aluno a refletir sobre os textos que lê, escrever com propósito e utilizar a língua como um meio de expressão e compreensão do mundo ao seu redor.

O Instituto Ayrton Senna destaca-se na promoção de projetos educacionais voltados à alfabetização e ao letramento.

Ao atuar em parceria com escolas, o Instituto contribui diretamente para que as crianças e adolescentes recebam o suporte necessário para se tornarem leitores e escritores proficientes. E, assim, tenham mais oportunidades para desenvolver habilidades críticas e produtivas no contexto escolar e social.

Quando a alfabetização e o letramento são bem trabalhados desde os primeiros anos, os alunos têm mais chances de se tornar leitores e escritores proficientes. Sendo assim capazes de atuar de forma crítica e produtiva em diversos contextos sociais e acadêmicos.

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Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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