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São Paulo inicia implementação de proposta que leva educação integral a escolas de tempo parcial

6 MIN
8 set 2020
Instituto Ayrton Senna Instituto Ayrton Senna

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Intenção da Secretaria de Educação do Estado é que protótipo vire política pública para toda rede de ensino em 2020.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Ayrton Senna e com o apoio da Fundação Volkswagen, iniciou a implementação da proposta educacional que leva educação integral a turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental de escolas de tempo parcial. A realização da primeira formação presencial de docentes das 24 instituições estaduais de ensino participantes do protótipo ocorreu na Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores do Estado de São Paulo, e contou com a presença de Haroldo Corrêa Rocha, secretário executivo da Educação de São Paulo.

Rocha destacou a abertura para que os professores participem ativamente da construção da proposta e a intenção de que sua versão final chegue como política pública a toda rede em 2020. “Hoje, no trabalho com Instituto Ayrton Senna, estamos construindo um modelo que pensa em escala. As 24 escolas que participam deste processo atuam como coautoras dessa metodologia, que tem como objetivo se expandir pela rede”, disse o secretário executivo.

Ao fortalecer as escolas do ponto de vista do currículo, propor inovações de implementação desse currículo e uma arquitetura de formação e acompanhamento que ajude a dar suporte às equipes escolares, podemos criar um tempo parcial mais qualificado, robusto e potente”, afirma Helton Souto, gerente de projetos do Instituto responsável pela parceria.

Trabalho em grupo

Na formação, agentes técnicos do Instituto orientaram professores da rede sobre a relação da educação integral e as áreas de conhecimento (Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática) e sobre o Projeto de Vida, principal componente da proposta.

Os docentes também puderam saber mais sobre protagonismo juvenil, a relação da educação integral com as chamadas competências para a vida e sobre metodologias ativas, que abrangem estratégias de ensino e aprendizagem como sala de aula invertida, educação por projetos, problematização, multiletramento, aprendizagem colaborativa e presença pedagógica do professor.

Como parte das atividades, os professores foram convidados a se colocar no lugar dos estudantes para falar sobre temas do Projeto de Vida, como família e planos. Além disso, foram incentivados a trabalhar em grupos para trocar e identificar práticas de sala de aula que se valem das metodologias ativas e mobilizam o desenvolvimento de competências para a vida no século 21.

“Tivemos uma outra visão sobre como abordar os estudantes e integrá-los às aulas para formá-los como cidadãos […] Com a proposta, teremos mais um material de apoio que só vem a acrescentar. Vai ser uma troca de experiência constante”, contou Luiz Antonio do Nascimento, professor de Educação Física na Escola Professor Márcio Armirante.

A segunda formação presencial e as formações continuadas e em serviço irão acontecer a partir de agosto. Elas serão ministradas pelos Professores Coordenadores do Núcleo Pedagógico (PCNPs), que também foram formados pelo Instituto, e levarão em conta a organização das Diretorias de Ensino.

Para o funcionamento do protótipo na prática, a Secretaria de Educação do Estado irá disponibilizar aos docentes, na versão impressa, materiais elaborados pelo Instituto Ayrton Senna para professores e alunos: as Orientações para Planos de Aula (OPAs) e os Cadernos do Estudante sobre educação integral e áreas de conhecimento e sobre Projeto de Vida.

“O material que o Instituto promoveu está fácil de entender […] Ele vincula práticas já realizadas a competências para a vida, à BNCC [Base Nacional Comum Curricular] e ao Currículo Paulista. Tem tudo para dar certo”, falou Ana Lúcia Siqueira, PCNP de Biologia da Diretoria de Ensino Região Leste 2.

Educação integral e Projeto de Vida

A educação integral se refere à dimensão qualitativa da educação, e não à quantidade de tempo que o estudante passa na escola. Ela oferece oportunidades para o aluno se desenvolver de forma plena, ou seja, em todas as suas dimensões. Além disso, reconhece que o estudante, assim como o educador, não é apenas como um repositório de informações, mas sim alguém que precisa se conhecer, conviver com os outros, saber as melhores formas de aprender ao longo da vida e produzir seu próprio caminho por meio de escolhas e interesses pessoais.

No caso do protótipo implementado em São Paulo, o propósito maior do paradigma da educação integral é o desenvolvimento pleno do aluno para a formação de sua identidade e autonomia.

Entre as estratégias voltadas para a construção de oportunidades formativas nesse sentido, está a integração curricular, que se dá por meio, por exemplo, do trabalho por áreas de conhecimento, do uso de metodologias integradoras e da inserção do componente projeto de vida no currículo, como um momento garantido entre as atividades curriculares para a construção identitária e dos projetos de futuro dos estudantes.

“No Ensino Fundamental, os estudantes ainda não estão acostumados a pensar em seus projetos de vida. Então, essa será uma forma de eles começarem a fazer isso e saberem que serão responsáveis por seus futuros. Estamos chamando o estudante para a responsabilidade da formação dele, mostrando que ele pode escolher caminhos da melhor forma. Afinal, o professor, sozinho, não forma o aluno. O aluno tem de ter consciência de seu papel no processo de ensino e aprendizagem. Trabalhar projeto de vida desde os anos finais do Ensino Fundamental possibilita ao estudante chegar no Ensino Médio tendo mais ciência do que ele quer”, completou Ana Lúcia.

Parceria e apoio

O protótipo abrange 24 escolas estaduais de tempo parcial de quatro regionais de ensino do estado de São Paulo, alcançando 9.500 estudantes e envolvendo 680 educadores. As escolas participantes têm perfis socioeconômicos e geográficos variados, além de baixos e altos resultados em indicadores educacionais, como o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo).

Para sua criação, foram realizados, ao longo do ano de 2018, diversos encontros entre equipes de diferentes coordenadorias que compõem a Secretaria de Educação do Estado e a área de Educação do Instituto Ayrton Senna. Juntas, elas definiram as linhas básicas do protótipo, que segue em constante aprimoramento.

“Esse não é um produto acabado que vai ser implementado nas escolas e sobre o qual elas não podem agir. Está previsto que as escolas friccionem o protótipo, melhorem e transformem ele a partir das ideias, soluções e práticas vistas no período de implementação”, finaliza o gerente de projetos do Instituto responsável pela parceria.

O programa de Educação Integral para os Anos Finais do Ensino Fundamental conta com o apoio da Fundação Volkswagen. O montante investido é uma contrapartida a recursos do BNDES direcionados à Volkswagen do Brasil.

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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