Definir competências socioemocionais prioritárias para o trabalho intencional é fundamental, já que não é possível e nem eficiente tentar trabalhar todas ao mesmo tempo. Esse processo de definição leva alguns aspectos em conta e, no contexto do retorno presencial, o cenário gerado pela pandemia é algo que, assim como outros elementos, não pode ficar de fora.
É preciso considerar o contexto específico de um retorno depois de tanto tempo de aulas remotas, realizadas com diferentes mecanismos e ainda sem clareza total de quanto foram efetivas para os estudantes, bem como aspectos como o pouco contato dos estudantes com outras pessoas durante o isolamento e os desafios do contexto familiar de cada estudante.
Todo esse cenário geral deve ser analisado em conjunto com as ações pensadas e realizadas pela escola para o acolhimento e para todo o processo de volta às aulas, é hora de pensar na priorização das competências nesse período. Foi o que aconteceu nos trabalhos desenvolvidos na parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Secretaria de Educação de São Paulo (SEDUC-SP), em que a definição das competências priorizadas foi fruto de um processo cauteloso e direcionado para as principais necessidades do momento.
A parceria entre Instituto e SEDUC-SP visa oferecer apoio técnico à política de educação integral do Estado, e acontece, entre outras frentes, no planejamento do componente Projeto de Vida, que é oferecido no âmbito do Programa Inova Educação, e que realiza a aplicação bimestral de um instrumento de autoavaliação socioemocional para estudantes dos Anos Finais do Ensino Fundamental (6° ao 9° ano) e Ensino Médio.
Nele, os jovens têm a oportunidade de se autoavaliarem no que diz respeito às competências socioemocionais, sendo respondidas pelos estudantes apenas duas competências priorizadas em cada ano e série pela rede.
Para esse bimestre, marcado pelo retorno presencial, o Instituto analisou diversos estudos, que trouxeram dados sobre o aumento de situações de depressão e ansiedade no atual contexto pandêmico, com relatos de impactos à saúde física (associado ao maior tempo de inatividade, uso de telas, alterações no padrão do sono e de dieta) e emocional (associado à falta de contato social, ao medo de contágio, tédio, entre outras), gerando mais vulnerabilidade para o desenvolvimento de casos de estresse pós-traumático (EPT).
A esse conjunto de informações sobre o tema e o cenário de retorno presencial, foram somadas as definições das competências socioemocionais já priorizadas para a avaliação formativa em cada ano e série, definidas em planejamento anterior, assim como os desafios mais típicos para os estudantes de cada ano.
Assim, as duas competências priorizadas a serem respondidas no 3º bimestre pelos estudantes paulistas são:
6º ano: Tolerância ao estresse e Organização
A organização tem bastante relação com foco e é uma competência socioemocional que ajuda aos estudantes a retomarem as aulas. Já a Tolerância ao Estresse está ligada aos aspectos emocionais fundamentais para o retorno.
7º ano: Organização e Imaginação Criativa
A organização é importante quando se pensa na volta as aulas em si e na necessidade de engajamento com as demandas escolares, enquanto a Imaginação Criativa ajuda os estudantes a abrir horizontes pensando na retomada para a escola e a soltar a criatividade.
8º e 9°ano: Organização e Empatia
Estudantes do 8° e 9° ano respondem sobre a Organização, fundamental para a adequação ao ambiente escolar e suas demandas, e sobre Empatia, ligada ao cuidado com o outro.
1ª série: Autoconfiança e Organização
A Autoconfiança está ligada à crença sobre a confiança em si mesmo e se relaciona com a Tolerância ao Estresse, importante para a retomada, assim como a Organização, que apoia a realização das demandas escolares com tranquilidade.
2ª série: Tolerância à frustração e Foco
A Tolerância ao Estresse está ligada à resiliência emocional, enquanto o Foco se relaciona com a Autogestão e com a capacidade do estudante de lidar com suas demandas.
3ª série: Tolerância ao estresse e Persistência
No último ano do Ensino Médio e no contexto de todas as suas mudanças, a priorização é feita com a competência de Tolerância ao Estresse, relacionada com a resiliência, e com a Persistência, que se relaciona com a capacidade do estudante de não desistir de suas tarefas e metas.
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