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Cátedra Instituto Ayrton Senna na USP-RP debate o Novo Ensino Médio com especialistas

Encontro reuniu pesquisadores para discutir sugestões para consulta pública do MEC

8 MIN
26 maio 2023
Instituto Ayrton Senna Instituto Ayrton Senna

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No dia 04 de abril, a Cátedra Instituto Ayrton Senna na USP Ribeirão Preto debateu o Novo Ensino Médio. A discussão abordou os desafios de sua implementação e diferentes opiniões sobre o assunto, tema que tem sido intensamente debatido por toda a comunidade educacional brasileira. Com o objetivo de envolver toda a população na discussão, o Ministério da Educação (MEC) acaba de anunciar uma consulta pública sobre o tema, que vai ficar disponível até 06 de junho de 2023.

Para oferecer insumos ao debate e contribuir com o aperfeiçoamento da proposta, a Cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação em Avaliação no Instituto de Estudos Avançados da USP Ribeirão Preto anunciou o ciclo de webinars ‘O Novo Ensino Médio em Debate’,  reunindo especialistas, acadêmicos, gestores e pesquisadores para refletirem acerca do assunto e formularem propostas ao MEC. Os encontros, conduzidos pela especialista Maria Helena Guimarães de Castro, titular da Cátedra e presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (ABAVE), fazem parte da estratégia da Cátedra de promover conexões entre diversos atores para disseminar informações e perspectivas que possam embasar o desenho e monitoramento de políticas públicas.

O primeiro encontro, ‘O Novo Ensino Médio e o Futuro do Enem na Visão dos Especialistas’, aconteceu em 27 de abril e foi acompanhado ao vivo por mais de 660 espectadores.

 

ASSISTA O WEBINAR NA ÍNTEGRA

 

 

Discussões e debates sobre o Novo Ensino Médio

Ao abrir o encontro, o coordenador do polo Ribeirão Preto do Instituto de Estudos Avançados da USP, Antonio José da Costa Filho, ressaltou a importância do evento e o papel da professora Maria Helena na articulação com diferentes atores. “A catedrática Maria Helena Guimarães de Castro conseguiu reunir um time de craques para discutir essa temática tão efervescente no momento; esse webinar é muito importante pois é a primeira atividade da Cátedra Instituto Ayrton Senna na universidade”, disse.

Também ao dar boas-vindas aos participantes do debate, Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna ressaltou os efeitos práticos do webinar. “O objetivo do seminário é ouvir especialistas e gestores, e com base nessas contribuições importantes gerar um documento com insumos práticos ao MEC”. Sobre o papel da Cátedra para o debate educacional do país, Viviane ainda destacou que seu objetivo é “realmente contribuir com discussões de políticas públicas que afetam o presente e o futuro das novas gerações brasileiras, ressaltou.

Com tantas discussões sobre o Novo Ensino Médio à mesa, Maria Helena destacou dois pontos como norteadores para o encontro: o debate em relação à formação geral básica e aos itinerários formativos, duas inovações presentes no novo modelo. Além disso, a professora também ressaltou que a proposta traz novas necessidades ao ENEM, levantando o questionamento: a prova deve ser um exame de seleção para o Ensino Superior ou uma avaliação do Ensino Médio?

 

O que os especialistas disseram sobre o Novo Ensino Médio

Com base nessas provocações, os especialistas convidados discutiram as propostas e trouxeram críticas a pontos específicos e também sugestões de melhoria ao documento. Confira algumas das falas e opiniões dos participantes:

“Ninguém tem uma resposta única e fechada sobre o que fazer com o Ensino Médio. A grande questão é ter mais clareza sobre o que a gente quer e como podemos organizar tudo isso de maneira coerente, ao mesmo tempo dando liberdade para diferentes experimentos e tentativas de condução. A reforma do Ensino Médio é necessária. A questão é sabermos se queremos voltar à estaca zero, iniciar um outro momento de discussão, ou buscar implementar o que já existe. Nós temos uma população muito heterogênea que chega no Ensino Médio, e para parte dela ele é um obstáculo intransponível, então temos que dar atenção a essa população. A reforma tentou responder a isso de duas maneiras: oferecendo trajetórias acadêmicas com mais opções e uma trajetória profissional técnica de nível médio”, Simon Schwartzman, sociólogo, membro da Academia Brasileira de Ciências e ex-presidente do IBGE

“Proponho discutir o Novo Ensino Médio a partir do egresso: Que jovem queremos formar? Durante a transição entre modelos, se considerava que devia haver uma discussão mais aprofundada, trazendo para o debate a questão da implementação, incluindo itinerários formativos, a formação geral básica, carga horária, formação técnica e ENEM. Temos que pensar do ponto de vista também de uma sociedade mais harmônica, com respeito maior à diversidade; quando olhamos para o que está acontecendo em relação à inovação, a grande parte dela é aberta, e para ela ocorrer é importante que haja colaboração entre centros de pesquisas e pessoas, e para isso é muito importante que os estudantes tenham além de um conhecimento técnico, mas também a capacidade emocional de conviver com as outras e poder construir soluções em conjunto. O Ensino Médio está bem pensando neste aspecto, como com o componente Projeto de Vida. Nós temos na mão uma boa possibilidade. Nossas juventudes precisam muito de um rumo, e os estados precisam de orientação”, Henrique Paim, diretor do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais na FGV

“A ideia da formação geral básica deve ser a de formação cidadã para todos, de acordo com a pedagogia da divulgação científica. Eu defendo que a formação geral básica tenha sua organização por temática, além de disciplina. Se a gente não falar disso, a gente não vai conseguir resolver os problemas. Temos que ter orientações mais sólidas em relação às pedagogias: por isso, recomendo que nas portarias, documentos, ou até na mudança da lei, esteja muito claro o que vai ser feito. Imagina um professor de física, numa cidade pequena, que está disposto a partir do que ele sabe energia, por exemplo, para propor um itinerário. Esse professor precisa ser ajudado, e eu acho que é função do MEC colocar na mão dessas pessoas materiais de apoio, até mesmo de educação à distância. Dizer que toda a formação geral básica deve ser presencialmente pode significar que a gente não vai usar todas as possibilidades da tecnologia. Nós precisamos dar uma formação para o nosso estudante hoje para a qual nem todos os professores têm condições; eles precisam ser ajudados, precisamos estar do lado deles, e essa é a função das universidades”, Chico Soares, professor emérito da UFMG e ex-presidente do Inep

Todos têm que ser bons cidadãos e serem formados numa escola básica de qualidade para o bom exercício da cidadania. A meu ver, devemos incluir a formação para a vida, a ideia de Projeto de Vida e de vocação, considerando aspectos do currículo que interessa muito a uns alunos e não a outros. Não basta pensar que a formação profissional em nível técnico seja uma formação para o mundo do trabalho, que é muito mais sofisticada hoje em dia, e vai além dessa formação de nível médio. Afinal, o conhecimento se tornou o principal fator de produção”, Nilson Machado, titular da Cátedra Alfredo Bosi, na USP Ribeirão Preto

“Está previsto para já 2024 a mudança do ENEM, e talvez seria melhor esperar um pouco. Um dos objetivos hoje do ENEM é servir de instrumento de seleção para as universidades e também a sinalização de conteúdos que a prova faz às escolas; é algo que antes os vestibulares também faziam e no mundo todo também acontece dessa forma. No momento, para mim não é claro o que ganharíamos de informação se tivermos duas fases de avaliação: uma para a formação básica e outra para os itinerários”, Reynaldo Fernandes, professor de Economia da Universidade de São Paulo

“A motivação da reforma tem a ver com todas as referências que temos sobre a enorme desigualdade, dificuldades de aprendizagem, defasagem do Brasil frente ao mundo e o desinteresse dos estudantes. Mas um elemento por trás da reforma é romper com os determinismos das trajetórias de vida desses jovens; esse ponto é fundamental pois ele tem a intenção de aumentar a capacidade de escolha dos estudantes. Diante do não êxito do Ensino Fundamental 2 de dar a formação básica que é necessária, o que se traz é que para o Ensino Médio ainda é necessário seja esse elemento estruturante da garantia dos direitos, de cidadania para todos. O Ensino Médio deveria garantir a mobilidade social de todos e nos ajudar a enfrentar esse dilema, que não é só pessoal, mas da sociedade”, Ricardo Henriques, superintendente do Instituto Unibanco

Saiba mais sobre a Cátedra Instituto Ayrton Senna no Instituto de Estudos Avançados da USP Ribeirão Preto.

 

 

 

 

 

 

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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