Guia BNCC | CAPITULO 1

Construindo um currículo de educação integral.

O Instituto Ayrton Senna disponibiliza a você um guia para ajudá-lo(a) em um dos principais passos rumo à implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nas escolas: a construção de um currículo compromissado com a educação integral.

Mesmo que o currículo da sua rede já tenha sido escrito, vale a pena repensar alguns conceitos.

Aqui, você encontrará conteúdos importantes para refletir sobre o que é educação integral, sobre qual é a visão de estudante proposta na BNCC, como ela se relaciona com os conceitos de desenvolvimento pleno e integração curricular e quais os caminhos para concretizar todos esses elementos no texto introdutório do currículo.

Você, coordenador de etapa e articulador de conselho, pode utilizar este material na articulação com a coordenação pedagógica e professores da sua rede.

Vamos começar? Bom percurso e boa reflexão!

Contextualizando a proposta

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O ponto de partida do currículo

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Não existe um padrão para a elaboração da introdução do texto curricular. Apesar disso, como qualquer gênero discursivo, os documentos curriculares seguem uma determinada estrutura. A seguir, apresentamos seis aspectos que geralmente constam nos textos introdutórios e que aparecerão em todo este material.

Essa é uma sugestão de configuração de texto introdutório de um currículo de educação integral. Você pode – e deve – adequá-la às necessidades de seu estado ou município.

1. Processo de elaboração do documento

O texto introdutório pode explicitar o processo de (re)elaboração do documento curricular, elencando os atores que participaram de cada etapa, se houve ou não consulta pública e como as considerações da comunidade escolar foram incorporadas. Também é importante citar se há versões anteriores do documento curricular.

2. Marcos legais

Além da BNCC, diversos marcos legais e documentos oficias norteiam as políticas educacionais e, por isso, podem ser mencionadas no texto introdutório do currículo, como a Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais e o Plano Nacional de Educação. Existem ainda os documentos estaduais e municipais que pautam a educação nos sistemas educacionais.

3. Visão de estudante e de educação

O texto introdutório pode explicitar a visão de estudante que se deseja formar durante toda a Educação Básica, e mencionar demandas contemporâneas que mobilizaram o estabelecimento de um currículo de educação integral. Além disso, os princípios e conceitos que contribuem para a formação desse estudante, tais como as concepções de educação, ensino e aprendizagem que sustentam o currículo, podem ser apresentadas neste momento.

4. Diretrizes sobre o que o estudante deve saber

Alguns currículos trazem, já no texto introdutório, as aprendizagens, os conteúdos e as habilidades essenciais a serem desenvolvidos em cada etapa ou ano escolar. Em um currículo de educação integral, é preciso evidenciar esse paradigma educacional como norteador logo no início do texto.

5. Temas contemporâneos

O currículo de educação integral é um documento vivo, conectado com o mundo contemporâneo e que considera a realidade das escolas. Por isso, o texto introdutório pode indicar temas relevantes a serem abordados nas escolas para que os estudantes possam compreender e atuar no século 21 de maneira protagonista. Esses temas são extremamente sensíveis às necessidades e contextos de cada território e podem envolver aspectos culturais, sociais, históricos, políticos, entre outros.

6. Modalidades da Educação Básica

Além de diferentes etapas de ensino, é possível que existam diferentes modalidades de educação na mesma rede estadual ou municipal, tais como Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, Educação Quilombola, entre outras. O texto introdutório pode explicitar questões específicas relativas a essas modalidades.

O QUE É EDUCAÇÃO INTEGRAL?

É comum a educação integral ser associada ao tempo integral. Até então, os documentos curriculares acompanhavam esse entendimento e a consideravam simplesmente como a expansão do tempo em que os estudantes passam na escola.

Como você conferiu nos vídeos, educação integral é muito mais que isso. E, para construir um currículo de educação integral contemporâneo, é fundamental não só esclarecer o conceito, mas também apresentar a educação integral como princípio orientador.

Segundo a BNCC, a educação integral tem como propósito a formação e o desenvolvimento global dos estudantes, compreendendo “a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva” (BNCC, 2017, p. 14).

No texto introdutório do currículo, a concepção de educação deve concretizar os princípios de inclusão, equidade e diversidade sublinhados pela BNCC. Também é importante que todo o documento curricular ofereça aos professores leitores possibilidades para sua efetivação.

No texto “O compromisso com a educação integral” (BNCC, 2017, p. 14), a BNCC apresenta três elementos estruturantes desse paradigma educacional. São eles: visão de estudante, desenvolvimento pleno e integração curricular.

Veja, a seguir, a definição desses elementos:

Visão de estudante

A BNCC assume uma “visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem”, a fim de “promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades.”

Também considera a relevância de serem estabelecidos processos educativos que incluam “as diferentes infâncias e juventudes, as diversas culturas juvenis e seu potencial de criar novas formas de existir” (BNCC, 2017, p. 14).

Desenvolvimento Pleno

A BNCC aponta para alguns desafios de aprendizagem postos pela sociedade contemporânea que precisam ser incluídos intencionalmente no processo educativo. Segundo o documento, “no novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural, comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo, colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o acúmulo de informações.

Requer o desenvolvimento de competências para aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, conviver e aprender com as diferenças e as diversidades.”

Integração curricular

A BNCC indica que a educação integral propulsione uma educação sem fragmentação radical dos componentes curriculares e que tenha sentido para os estudantes, ou seja, uma educação que promova pontes entre o conhecimento e a vida.

O documento também destaca a importância da valorização do contexto do estudante para que seja dado sentido ao que se aprende, e joga luz sobre o “protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida” (BNCC, 2017, p. 15).

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