Goiás implementa solução educacional do Instituto Ayrton Senna em 137 escolas

Chegada do Diálogos Socioemocionais no estado contou com palestras de Ricardo Paes de Barros, do Instituto Ayrton Senna e do Insper, e de Filip De Fruyt, pesquisador do eduLab21 e professor da Universidade de Ghent, na Bélgica.

Um seminário internacional realizado em Goiânia marcou a chegada da solução educacional Diálogos Socioemocionais em quase 140 escolas de Goiás, como parte da política de alfabetização socioemocional que o estado está desenhando. Intitulado Seminário Internacional Habilidades Socioemocionais, o evento contou com palestras de Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, e Filip De Fruyt, pesquisador do eduLab21, laboratório de ciência para a educação do Instituto Ayrton Senna, e docente na Universidade de Ghent, na Bélgica. Também fizeram exposições o atual secretário de Educação Marcos das Neves e ex-secretária de Educação e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Raquel Teixeira.

Em Goiás, o Diálogos Socioemocionais está sendo implementado em 137 escolas de Ensino Médio da rede pública estadual (77 de tempo parcial e 60 de tempo integral). A implantação é realizada pela Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) por meio de parceria com a 3Gen Gestão Estratégica, empresa de consultoria que visa à transferência de conhecimentos específicos e o desenvolvimento de soluções para a execução de estratégias em organizações públicas, privadas e sem fins lucrativos. A 3Gen estabeleceu com o Instituto Ayrton Senna um termo de cooperação técnica para a transferência da tecnologia.

Como parte de implementação, agentes técnicos da 3GEN receberam formação do Instituto Ayrton Senna para formar equipes da Secretaria. Ao todo, 22 multiplicadores já foram formados entre os dias 08 e 11 de maio para compartilhar conteúdos e ferramentas da metodologia com a educadores das escolas participantes desta fase da política. Na ocasião, também foram formados 34 Diretores de Núcleos Pedagógicos e cerca de 50 tutores regionais para o acompanhamento do trabalho dos professores com o Diálogos Socioemocionais nas instituições de ensino.

Em sua palestra no Seminário Internacional Habilidades Socioemocionais, Paes de Barros abordou a importância das competências socioemocionais para a escola, a vida e a inserção no mundo do trabalho. Ele destacou que “desafio da educação no século 21 é fazer o estudante sonhar e buscar a realização dos seus sonhos”.

Num período marcado pela aprovação da lei de combate ao bullying nas escolas brasileiras, De Fruyt destacou que o desenvolvimento de competências como responsabilidade, assertividade e empatia pode combater a violência e a segregação no contexto escolar. O pesquisador também elogiou o fato de as habilidades socioemocionais constarem nos conteúdos já aprovados da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “O Brasil não dá um passo à frente, dá dois. Mas esse é só o início de um trabalho que precisa de todos a bordo para dar certo”, disse.

Já Raquel fez um balanço das apresentações anteriores e disse que elas expuseram o que há de melhor em termos acadêmicos sobre competências sociemocionais no Brasil e no mundo. “Depois de sonharmos, aprendermos e ouvirmos, vamos tentar trazer as competências para a nossa rede, para a nossa realidade”, falou, destacando a política de alfabetização socioemocional do estado e suas etapas atuais e antigas.

Diálogos Socioemocionais

A solução educacional Diálogos Socioemocionais, criada pelo eduLab21, busca possibilitar o desenvolvimento integral dos estudantes para que eles desenvolvam suas competências socioemocionais de forma intencional e planejada na escola, e, assim, preparem-se para enfrentar os desafios das relações sociais e culturais no século 21.

Ela é composta por: 1) instrumentos, orientações e metodologias para o desenvolvimento de competências socioemocionais entre estudantes na escola; 2) instrumentos e metodologias para o acompanhamento desse desenvolvimento pela rede de ensino, pela escola e pelos professores e alunos, permitindo, por meio do diálogos entre estes últimos, o planejamento e o replanejamento de atividades para o alcance de objetivos individuais dos estudantes; 3) formações presenciais e a distância dos docentes para o entendimento e implementação da solução na escola e pela 4) Comunidade de Prática, que permite que as atividades escolares que podem ser compartilhadas e acessadas por professores para o desenvolvimento de competências socioemocionais entre alunos nas aulas (instrumento ainda em fase de desenvolvimento).

Competências e educação integral

Existem diferentes modelos que visam a organização operacional das competências socioemocionais. No caso do Diálogos Socioemocionais, a matriz de fundamentação são cinco macrocompetências que resumem, de modo abrangente, a variação de habilidades socioemocionais existentes e identificadas em diversos contextos, localidades e culturas. Essas cinco macrocompetências são: abertura ao novo, autogestão, engajamento com os outros, amabilidade e resiliência emocional.

A partir delas, pesquisadores do eduLab21 destacaram 17 competências importantes para serem desenvolvidas no ambiente escolar. Essas foram medidas e validadas considerando especificamente o contexto cultural brasileiro. São elas: determinação, organização, foco, persistência, responsabilidade, iniciativa social, assertividade, entusiasmo, empatia, respeito, confiança, tolerância ao estresse, tolerância à frustração, autoconfiança, curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico.

Estudos internacionais e nacionais demonstram que o desenvolvimento dessas habilidades tem correlação com: o aprendizado em disciplinas como Língua Portuguesa e Matemática, a permanência do aluno na escola, a diminuição de ocorrências de violência na comunidade e com uma série de outras conquistas e realizações ao longo da vida. Tais pesquisas também destacam correlação entre o desenvolvimento das competências socioemocionais e aspectos sociais, como empregabilidade, saúde, entre outros.

Devido à sua relevância, as competências foram inseridas na BNCC. O documento estabelece como premissa a educação integral, que prevê a garantia de oportunidades para o estudante desenvolver todas as suas capacidades para ser, conviver, conhecer e fazer, e vislumbra o pleno desenvolvimento do ser humano em todas as suas dimensões.