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Expo EDUTEC 2018 discute tendências da tecnologia aplicada à educação

7 MIN
8 set 2020
Instituto Ayrton Senna Instituto Ayrton Senna

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Em sua 3ª edição, evento promoveu debates sobre desenvolvimento de habilidades humanas, aprendizagem ativa e inteligência artificial para o ensino.

O Instituto Ayrton Senna, em parceria com a Microsoft Brasil, realizou a 3ª edição da Expo EDUTEC, em São Paulo. Educadores, representantes de empresas de tecnologia, pesquisadores e expositores se reuniram para discutir tendências tecnológicas associadas à educação e refletir sobre como essas podem ser ferramentas eficientes para a aprendizagem dos estudantes. Os participantes puderam acompanhar quatro mesas-redondas, cinco workshops e duas palestras sobre o tema. Também tiveram a oportunidade de interagir com inovações expostas por startups brasileiras que desenvolvem tecnologias voltadas ao ensino e à aprendizagem.

O evento teve início com a mesa “O papel da tecnologia na educação de 2030”, inspirada no quarto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ser alcançado até 2030: “assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.

Mozart Neves Ramos, diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, lembrou da influência da educação na produtividade econômica das nações, destacando que, no Brasil, “cada ano a mais de escolaridade representa 12% a mais de renda”. Segundo ele, pensar na educação para o desenvolvimento do país implica considerar as transformações do mundo e do mercado de trabalho. “Estamos precisando muito mais de qualidades humanas, que vão além das qualidades cognitivas. Precisamos de uma educação com significado, que possa desenvolver plenamente as pessoas”, disse.

A perspectiva foi complementada por Christine Berlinck, diretora de Recursos Humanos da IBM Brasil. Segundo ela, atualmente, as grandes organizações do mundo exigem que seus profissionais apresentem competências como criatividade, colaboração e empatia. “O profissional precisa ser curioso, ter protagonismo, estar o tempo todo enfrentando o desconhecido”, afirmou.

 

Tecnologias do futuro, agora

Durante a mesa “Cultura digital e novas experiências de aprendizagem com tecnologia”, Regina Gavassa, coordenadora de Informática Educativa da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, contou como ocorreu a implantação do projeto LED (Laboratório de Educação Digital) nos Centros Educacionais Unificados (CEUs) Pêra Marmelo, Feitiço da Vila e Capão Redondo.

A proposta prevê a transformação dos antigos laboratórios de informática. Antes, eram salas com mesas e computadores; hoje, são ambientes com furadeiras, impressora 3D, cortadora a laser e máquina de costura – lugares para construir e concretizar ideias. “Esses novos espaços garantem o uso da tecnologia de forma colaborativa, criativa, flexível e orientada por projetos para a solução de problemas. Os computadores continuam lá, em um dos cantos da sala, mas agora são utilizados quando necessário, no momento certo”, contou.

Entre as experiências das escolas particulares, foi destacado o projeto de digitalização do Colégio Bandeirantes, na cidade de São Paulo. Lá, os alunos têm, em média, 200 minutos de aulas regidas pelas metodologias STEM (science, technology, engineering and math) e STEAM (science, technology, engineering, arts and math), que combinam conceitos de ciências, tecnologia, engenharia, matemática e arte. Os celulares são permitidos em qualquer ambiente da escola e contam com a ajuda de uma banda larga de alta velocidade.

O colégio também garante apoio ao corpo docente: são quatro profissionais dedicados a fazer a capacitação dos professores e um serviço de suporte que prevê solução rápida a qualquer problema técnico durante as aulas. “Para trazer o mundo para dentro da escola, o professor precisa saber que está vulnerável e não ter medo de tomar bronca ou de cometer erros. Precisamos estar preparados para acertar e errar durante o processo”, disse Emerson Pereira, diretor de Tecnologia Educacional da instituição.

 

Estudantes motivados e engajados

Durante a mesa “Como as tecnologias do futuro estão impactando a educação do presente?”, a plateia pode conhecer estratégias de redes de ensino e professores que se preocupam em garantir e manter o engajamento e o interesse dos estudantes durante o processo de aprendizagem.

José Motta, professor de Ensino Médio em Curitiba/PR, e Head de EdTech da startup Beenoculus, referência em realidade virtual, dividiu com os presentes sua experiência de mais de 20 anos na docência. “Eu era um professor muito tradicional. Um dia, ao entrar na sala de aula, me deparei com alunos que não queriam nada com nada. Eu olhava para os meus alunos e tinha certeza que queriam estar em outro lugar menos na minha aula. Eu comecei a questionar minha prática e percebi que precisava voltar a estudar”, contou.

Depois de diversos cursos dentro de fora do Brasil, Motta se especializou em metodologias ativas. “Jogue o conteúdo na mão do seu aluno, deixe que ele o rearranje e, assim, construa o seu conhecimento. O professor precisa fazer os alunos colocarem a mão na massa”, disse durante a fala entusiasmada.

Em Recife/PE, a Secretaria de Educação decidiu “trazer aos jovens aquilo que lhes interessava para que eles se engajassem em seu aprendizado”, como explicou Alexandre Ribeiro, secretário de Educação do município. Entre as iniciativas, estão: o projeto “Robótica na Escola”, implementado há menos de cinco anos em 36 escolas de Ensino Fundamental II, e o desenvolvimento de jogos educativos para serem usados na sala de aula, em parceria com startups do Porto Digital do Recife.

Segundo Ribeiro, os primeiros resultados já apareceram: além de posições de destaque nas Olimpíadas Brasileiras de Jogos Digitais e Robótica, em 2017, Recife aumentou sua pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Fundamental II. No mesmo ano, os alunos da rede municipal tiveram aprovação recorde nas escolas técnicas e no Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). “Vamos continuar apostando nisso e queremos começar mais cedo, logo na primeira infância”, projetou o secretário.

Durante a última mesa-redonda, “Inteligência artificial (IA) e desenvolvimento de habilidades do século 21”, Luis Junqueira, co-fundador da Letrus, plataforma on-line dedicada ao letramento, deu exemplos concretos sobre o atual uso de inteligência artificial aplicado ao ensino e à aprendizagem. “É possível utilizá-la para reconhecer padrões de escrita de forma mais eficiente, de modo que isso possa complementar o trabalho de um professor que está fazendo correções de redação, por exemplo”. Ele também destacou a possibilidade do uso da IA junto a políticas públicas de educação relacionadas a avaliações externas. “Essa tecnologia permite que tenhamos o ‘rastro’ do padrão de escrita do estudante e que depois possamos usar esses dados de forma estratégica”.

No encerramento, Emílio Munaro, diretor de Desenvolvimento Global do Instituto Ayrton Senna, resumiu o clima do evento com as palavras “colaboração” e “compartilhamento” e falou sobre a necessidade de os jovens desenvolverem capacidades como “tolerância e empatia, que tanto precisamos nessa nova fase do país”. Por fim, lembrou da centralidade dos alunos e dos docentes no processo de melhoria da educação. “Definitivamente, o aprendizado deve ser feito com significado. Aquilo que não tem significado não traz engajamento dos estudantes. […] E nenhuma transformação acontecerá na educação se não for pelas mãos dos professores”.

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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