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Empresários e autoridades governamentais discutem gestão educacional em evento

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Agenda Ico 8 set 2020
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Com participação de Viviane Senna e Ricardo Paes de Barros, painéis do 6º Fórum LIDE de Educação discutiram o que estaria por trás dos persistentes problemas educacionais brasileiros.

Atrelar recursos a resultados e caminhar na direção de uma gestão educacional efetiva – esse foi o tema central das discussões do 6º Fórum LIDE de Educação, realizado no último dia 5 de novembro, na capital paulista. O evento reuniu líderes empresariais de todo o Brasil, especialistas no setor educacional e autoridades governamentais.

Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna e mediadora dos painéis, chamou a atenção para a necessidade da participação de todos os atores sociais para que a educação tenha um salto de qualidade no país. “O argumento de que a educação não dá certo porque não há recurso imobiliza as pessoas. Isso é uma falácia. O problema está na eficiência do uso dos recursos: há estados e municípios que fazem isso de uma maneira inteligente e original. O que precisamos é fazer o Brasil gastar bem o dinheiro da educação”, concluiu.

Para o ex-ministro da Educação José Mendonça Bezerra, a aliança pela educação brasileira precisa ser firmada com urgência. “Mais do que governos, a gente precisa formar um consenso nacional. As nações que produziram um salto em seus índices educacionais fizeram isso. A sociedade brasileira precisa abraçar a educação”, disse.

“A educação, de fato, não tem sido o centro do debate. E, além disso, temos desafios na gestão pública que precisam ser discutidos. Não é botar menos dinheiro na educação, mas é gerar eficiência para que isso produza mais impacto na sociedade”, acrescentou Rossieli Soares, secretário da Educação de São Paulo.

R$ 1 bi por dia em educação 

Ricardo Paes de Barros, economista-chefe do Instituto Ayrton Senna e professor do Insper, trouxe dados e evidências que mostraram que, de fato, o Brasil está se esforçando como nunca em educação, mas todo esse esforço não tem dado resultado. A Declaração de Incheon de Educação 2030 – documento que firma um compromisso entre as nações para transformar vidas por meio da educação – recomendou que os países deveriam gastar entre 4 a 6 % do seu PIB com educação.

“Aqui no Brasil, gastamos pouco mais que 6% do PIB e isso tem aumentado ano a ano. Nunca foi feito um esforço tão grande nesse sentido. Estamos jogando como nunca e perdendo como sempre. O nosso problema não é falta de esforço. Somos o cara da turma que mais se esforça e que tem o pior desempenho”, exemplificou Paes de Barros.

Segundo o economista, o gasto social brasileiro diário é de R$ 4 bilhões – 1 bilhão com educação. Além disso, as evidências mostram que o Brasil tem um desempenho educacional inacreditavelmente desigual. Números trazidos por Paes de Barros mostram que o filho dos pobres se alfabetiza pelo menos um ano depois dos filhos dos 25% mais ricos. “Nosso sistema educacional é gerador de desigualdade e é simplesmente um absurdo usar mais de 6% do PIB do nosso país para gerar desigualdade”, afirmou.

Se o problema não é recurso, o Brasil não saberia educar suas crianças e jovens? “Sabemos educar, mas não sabemos copiar bons exemplos”, avaliou o economista. Ele lembrou que as três últimas edições do Global Teacher Prize – o “Oscar da Educação” – trouxeram professores brasileiros entre os melhores do mundo.

“A gente pode e deve olhar os exemplos de Singura e Coreia do Sul. Essas experiências podem nos motivar e nos inspirar. Mas, estou com o PB: os melhores exemplos estão aqui e o que precisamos fazer é escalar essas experiências. Precisamos usar a política para viabilizar as coisas. Bons projetos educacionais não podem mofar na gaveta”, comentou Paulo Hartung, ex-governardor do Espírito Santo.

Para o economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, temos conhecimento dos nossos bons exemplos, a questão é que não sabemos como eles chegaram lá. Nessa perspectiva, Paes de Barros apresentou a iniciativa da Agencia de Calidad de la Educación do governo chileno. Por lá, edições anuais do livro Se puede compartilham as experiências de diversas comunidades educativas de todo o país que atingiram bons resultados – um exemplo de como aprender consigo mesmo.

Medalhas de Cocal dos Alves (PI)

Um dos bons exemplos brasileiros vem do extremo norte do Piauí, no pequeno município de Cocal dos Alves. Por lá, 95% dos seus quase 7 mil habitantes são usuários do Bolsa Família. O PIB per capita em 2016 foi de R$ 6,6 mil – abaixo de 93% dos municípios brasileiros; e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) registrado em 2010 foi de 0,498 – abaixo de 99% de todos os municípios.

Com números tão ruins, seria difícil imaginar que o município fosse considerado um celeiro de medalhas olímpicas nacionais, mas foi. A Escola Augustinho Brandão, única instituição de Ensino Médio da cidade, recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação, em 2018, e foi classificada como escola pública modelo pela Olimpíada Brasileira de Matemática nas Escolas Públicas (EBMEP).

Foi de lá que saíram os medalhistas nas Olimpíadas Nacionais de Língua Portuguesa, Robótica, Astronomia e na Olimpíada Internacional Ganguru de Matemática. E os louros de Cocal dos Alves não param por aí: seus estudantes tiveram o melhor desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre as instituições que atendem famílias carentes e 70% de aprovação no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

“Nossa responsabilidade com a gestão é grande. Colocamos pessoas que realmente querem desempenhar um bom trabalho e demos as condições para isso: não faltam transporte e merenda escolar, o salário dos nossos professores é pago em dia, arrumamos as escolas e as deixamos bem bonitas. E tudo porque nós respeitamos os profissionais da educação”, contou à nossa reportagem o prefeito Osmar Vieira.

Cocal dos Alves foi um dos homenageados no Prêmio LIDE de Educação, ao lado do governo do estado do Ceará e das prefeituras municipais de Teresina e Sobral.

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Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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