Ao considerarmos o atual panorama educacional, a importância da psicologia no ambiente escolar torna-se incontestável. A psicologia educacional traz insights valiosos sobre o desenvolvimento cognitivo e socioemocional dos alunos.

Este artigo propõe uma análise das várias facetas da relação entre psicologia e educação. Buscamos desvendar as complexas conexões que unem essas disciplinas, abordando desde a marcante influência da neurociência na facilitação da aprendizagem, até as diretrizes legais que regulamentam a presença de psicólogos nas escolas.

Exploraremos a atuação singular dos psicólogos diante de desafios específicos, evidenciando a necessidade de sua presença e a amplitude de suas contribuições para a construção de ambientes educacionais mais saudáveis.

Como a neurociência explica a aprendizagem

A neurociência explica como o cérebro aprende, desvendando as complexas relações entre os neurônios e suas conexões.

Quando aprendemos algo novo, o cérebro passa por mudanças tanto na sua estrutura quanto no seu funcionamento, um fenômeno chamado plasticidade cerebral. Esse é o jeito do cérebro se adaptar e se transformar diante de novas experiências.

Durante a aprendizagem, os neurônios criam novas conexões entre eles, reforçando essas ligações. Isso acontece por meio de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que ajudam na transmissão de sinais entre os neurônios e consolidam o que foi aprendido.

Além disso, partes específicas do cérebro entram em ação durante o processo de aprendizagem. O hipocampo, por exemplo, é essencial para guardar memórias temporárias. Conforme aprendemos, as informações passam do hipocampo para áreas mais permanentes do cérebro, como o córtex.

As emoções também têm um papel importante na aprendizagem. O cérebro libera substâncias químicas relacionadas ao nosso estado emocional, como a dopamina, influenciando nossa motivação e a capacidade de lembrar o que aprendemos.

Portanto, a neurociência explica a aprendizagem como um processo em constante movimento, envolvendo mudanças na estrutura do cérebro, substâncias químicas, ativação de áreas específicas e uma relação complexa entre emoções e pensamentos. Entender esses processos pode orientar práticas educacionais mais eficazes, ressaltando a importância de abordagens que considerem tanto o emocional quanto o intelectual.

O que a legislação diz sobre ter psicólogos na escola

As leis que regulamentam a presença de psicólogos nas escolas desempenham um papel essencial na orientação das práticas educacionais. Essas normas estabelecem diretrizes específicas para garantir a inclusão desses profissionais no ambiente escolar, visando proporcionar um suporte abrangente ao desenvolvimento dos alunos.

No Brasil, a presença de psicólogos nas escolas não é estritamente obrigatória por lei federal, mas existem diretrizes e políticas que incentivam a oferta de serviços de apoio psicológico nas instituições de ensino. A legislação brasileira destaca a importância de garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos os estudantes, considerando suas necessidades individuais.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) estabelece princípios e normas para a organização da educação no Brasil. No entanto, não especifica a obrigatoriedade da presença de psicólogos nas escolas.

O Programa Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, por exemplo, destaca a necessidade de serviços de apoio pedagógico especializado. Estes podem incluir a atuação de psicólogos, para atender às demandas de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

Além disso, algumas Secretarias de Educação Estaduais e Municipais podem estabelecer normas e diretrizes específicas sobre a presença de profissionais de psicologia nas escolas. Entretanto, o atendimento psicológico a alunos de escolas públicas está garantido e previsto na Lei 13.935/2019.

Quando o psicólogo deve ser acionado na escola?

O acionamento desse profissional é necessário quando nos deparamos com desafios que envolvem aspectos emocionais, comportamentais ou de desenvolvimento dos alunos, exigindo uma abordagem especializada.

Em situações em que questões de saúde mental, como ansiedade, depressão, ou problemas de relacionamento afetam significativamente o desempenho acadêmico, ou o bem-estar dos estudantes, o psicólogo se torna uma figura-chave. Ele está capacitado para compreender esses aspectos mais profundos e oferecer o suporte necessário para lidar com essas situações delicadas.

São apenas esses profissionais que devem atuar em situações extremas de saúde mental prejudicada ou transtornos psíquicos mais graves, que vão além das questões socioemocionais que devem ser promovidas pelos professores em sala de aula.

As dificuldades de aprendizagem que ultrapassam as estratégias convencionais de ensino também podem indicar a necessidade de intervenção do psicólogo. Problemas de comportamento persistentes, dificuldades de adaptação, ou situações familiares complexas são outros cenários em que a especialização do psicólogo é essencial para entender e abordar os desafios específicos que afetam o aluno.

O momento de acionar o psicólogo na escola, portanto, está associado a situações que requerem uma compreensão mais profunda e uma abordagem especializada para promover o bem-estar emocional e a redução do sofrimento psíquico dos alunos. Essa colaboração entre professores e psicólogos é essencial para garantir que cada aluno receba o apoio adequado diante de desafios que vão além do âmbito puramente acadêmico.

As diferenças entre pedagogia, psicologia e psicopedagogia

A pedagogia concentra-se principalmente nas estratégias de ensino e aprendizagem. Profissionais dessa área estão envolvidos no desenvolvimento de métodos educacionais, na elaboração de currículos e na criação de ambientes de aprendizagem que sejam estimulantes e acessíveis. Seu foco está na prática educacional e na facilitação do processo de aprendizado.

Por outro lado, a psicologia direciona-se para a compreensão do comportamento humano e dos processos mentais. Os psicólogos educacionais, por exemplo, concentram-se nos aspectos psíquicos que afetam o desempenho acadêmico. Eles ajudam a identificar e abordar questões como ansiedade, depressão, bipolaridade, entre outros transtornos e desafios, no ambiente escolar.

A psicopedagogia, por sua vez, ocupa-se da investigação e intervenção nas dificuldades de aprendizagem. Profissionais dessa área buscam compreender as raízes dos obstáculos que os alunos enfrentam no processo de aprendizagem e desenvolvem estratégias para superar tais desafios.

Aliando as competências de cada profissão, é possível criar uma sinergia entre pedagogia, psicologia e psicopedagogia. Essa colaboração harmoniosa possibilita uma abordagem que otimiza o processo de ensino-aprendizagem e promove o bem-estar emocional e o desenvolvimento integral dos alunos.

Contribuições da psicologia para o desenvolvimento socioemocional na escola

Antes de qualquer coisa, a psicologia contribui para a identificação e definição de competências socioemocionais essenciais. É por meio da investigação de psicólogos que puderam ser mapeadas e organizadas habilidades socioemocionais, como empatia, resiliência emocional, autoconfiança, entre outras. Essas competências enriquecem a experiência educacional, bem como preparam os alunos para enfrentar desafios na vida adulta.

A avaliação socioemocional, uma área de destaque na psicologia que oferece indicadores sobre questões psíquicas, a psicometria, oferece ferramentas para medir e compreender o desenvolvimento socioemocional dos alunos. Essa avaliação fornece insights sobre as necessidades individuais e ainda permite ajustes nas abordagens pedagógicas para melhor atender às demandas socioemocionais dos estudantes.

Além disso, a psicologia na escola contribui para a promoção de ambientes educacionais saudáveis e inclusivos. Ou seja, estratégias baseadas na compreensão psicológica das necessidades socioemocionais dos alunos podem criar um clima escolar que fomente o bem-estar.

As contribuições da psicologia para o desenvolvimento socioemocional na escola vão desde a definição de competências essenciais até a implementação de estratégias de avaliação e a promoção de ambientes educacionais emocionalmente saudáveis, que promovam o acolhimento de estudantes e professores. Ao integrar esses insights psicológicos, as instituições educacionais podem cultivar um ambiente propício para o crescimento integral dos alunos.