Por Mozart Neves Ramos
(IstoÉ Online ‐ Opinião ‐ 27/09/2017)
É bem possível que você possa estar lendo este artigo na tela de um tablet, computador ou smartphone. Após concluir a leitura, poderá compartilhar o texto em alguma rede social, como Whatsapp, Linkedin ou Facebook; esta última alcançou, em junho deste ano, a 2 bilhões de usuários em todo mundo¹.
Mas você poderia também estar em uma fila para pegar um voo, usando apenas a tela de um celular para mostrar o cartão de embarque no guichê (para os mais jovens é difícil imaginar que um simples cartão de embarque já teve o mesmo aspecto de um talão de cheques!). Ou talvez esteja assistindo a algum vídeo no Youtube para aprender sobre um assunto novo, e depois vai seguir com suas atividades cotidianas, cada vez mais impactadas e influenciadas pelas novas tecnologias digitais. Esse é o mundo digital, o mundo em que vivemos.
No Brasil, de acordo com uma pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Ceti-Br)², o percentual de professores que utilizava internet do celular em atividades com os alunos em 2015 era de 39%, e subiu para 49% em 2016. Entre os estudantes, 52% dizem usar o celular em atividades escolares.
Apesar do uso crescente do celular nas atividades escolares, a verdade é que essas novas tecnologias (e não apenas celulares para uso pedagógico) ainda não chegaram à larga maioria das escolas públicas brasileiras, muitas delas desprovidas de internet e de banda larga. Isso faz com que as nossas escolas, em geral, não dialoguem, como deveriam, com o mundo de nossas crianças e de nossos jovens. A meu ver, o papel dessas tecnologias não seria o de motorista, mas o de acelerador de uma educação que desenvolva plenamente as crianças e jovens deste século.
Assegurar o direito à aprendizagem aos nossos alunos, passa também em prover aos professores o direito ao conhecimento, e as novas tecnologias podem ser um grande aliado nesse processo. Não só em democratizar o acesso à informação, mas também em contribuir para alavancar uma educação para o século XXI, promovendo o desenvolvimento pleno de nossos alunos e professores. Cada vez mais se torna evidente que será preciso desenvolver novas habilidades no processo formativo para uma educação integral, o que significa incluir, de forma intencional no currículo escolar, habilidades como colaboração, criatividade, pensamento crítico, comunicação e abertura ao novo. E nesse sentido, as tecnologias podem ajudar a romper com o modelo tradicional de sala de aula, muito mais voltada para o século XX, ou até XIX, ao estabelecer novas arquiteturas que permitem o desenvolvimento de tais habilidades.
Por acreditar nesse alinhamento das tecnologias como ferramentas para uma educação integral, é que o Instituto Ayrton Senna, em parceria com várias empresas e fundações, está realizando, ao longo deste dia, a “Expo>>>Educação + Tecnologia + Futuro”, tendo como público-alvo educadores, professores e alunos de escolas públicas e particulares. Na pauta oficinas, palestras, estudos de caso, mesas-redondas e outras atividades abordando temas como programação de computadores, ensino híbrido, gamificação, plataformas adaptativas, formação para uso das tecnologias, dentre outros.
Costumamos dizer que, em geral, temos uma escola e um professor do século XX para um aluno do século XXI, e com essa iniciativa esperamos estar contribuindo não só para alinhar esses tempos, mas também para trazer à escola uma educação integral, em que as tecnologias podem ser aliadas estratégicas para este propósito.
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