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País precisa de mais integração entre os anos finais de Ensino Fundamental e o Ensino Médio

Ideb de 2019 mostra que o Ensino Médio avançou mais que em todos os anos anteriores, mas ainda está longe da meta, enquanto anos finais do Fundamental revelam ausência de políticas educacionais integradas.

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22 set 2020
Instituto Ayrton Senna Instituto Ayrton Senna

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O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2019, divulgado nesta terça-feira (15) por órgão do Ministério da Educação, revelou um avanço inédito nos resultados do Ensino Médio do Brasil, mas tanto esta etapa de ensino quanto a dos anos finais do Ensino Fundamental ficaram longe da meta desejada pelo País.

Analisando os dados, especialistas do Instituto Ayrton Senna consideram que é preciso investir mais na colaboração entre municípios, Estados e governo federal, para que todas as etapas de ensino tenham a qualidade esperada e contribuam para a formação integral dos estudantes.

O Ideb é o principal indicador da qualidade da educação no Brasil divulgado a cada dois anos, e considera tanto o desempenho dos estudantes em Matemática e Língua Portuguesa (medido pelo Saeb, que é aplicado no final de cada etapa – 5° e 9° ano do Fundamental, 3° do Ensino Médio) quanto os índices de aprovação/reprovação e abandono registrados em redes municipais, estaduais, federais e particulares. O resultado pode ir de zero a dez, e desde 2005 o País estabelece metas para cada uma das etapas (anos iniciais do Ensino Fundamental, anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio).

No geral, a edição de 2019 mostrou um cenário parecido com o que vinha sendo identificado em anos anteriores: em média, os anos iniciais do Ensino Fundamental seguem acima da meta prevista (5,9, quando a meta era de 5,7), os anos finais do Ensino Fundamental levemente abaixo da meta desde 2013 (agora chegou a 4,9, quando a meta era 5,2) e o Ensino Médio com uma defasagem considerável (4,2, quando a meta era 5).

Pela primeira vez na série histórica, no entanto, o país teve o maior salto no resultado geral do Ensino Médio, que estava em 3,8 em 2017. Análises do Instituto Ayrton Senna destacam que esse aumento se deveu principalmente ao desempenho: em todas as regiões do País o Ensino Médio melhorou em notas no Saeb, o que nunca havia acontecido antes.

“É muito importante ver essa melhora no Ensino Médio, e de fato há governos estaduais que investiram bastante nessa etapa. Mas se olharmos por regiões, percebemos que algumas, como Norte e Sul, a nota média apenas recuperou perdas que vinha tendo desde 2009, ou seja: é um avanço, mas ainda estamos praticamente na mesma faixa de dez anos atrás”, analisou a gerente executiva de Articulação do Instituto, Inês Miskalo. “De modo geral, o que vemos é que ainda falta um olhar de processo, um crescimento que seja constante e que não se interrompa entre uma etapa e outra. Os anos finais do Ensino Fundamental, por exemplo, não têm conseguido sustentar o avanço no desempenho que vinha acontecendo nos anos iniciais”, afirmou.

De acordo com Inês, uma das explicações para isso pode estar na falta de sistemas de integração e colaboração entre redes municipais e estaduais de educação: em geral, os anos iniciais do Ensino Fundamental são administrados por municípios, enquanto o Ensino Médio tem gestão majoritariamente estadual. Nos anos finais do Ensino Fundamental, o cenário fica um pouco dividido. “O resultado é que essa etapa tem sido menos foco de políticas públicas estruturadas, pensadas para todos e viabilizadas por um conjunto de ações, pois há pouco diálogo entre os principais responsáveis”, alerta Inês.

O próprio Ministério da Educação divulgou que tem estudado essa situação, e a nova Secretária de Educação Básica, Izabel Lima Pessoa, anunciou na coletiva de divulgação do Ideb que o órgão está realizando um estudo em busca de um olhar mais atento aos anos finais do Ensino Fundamental. “Nossa equipe já tem se preocupado com o fundamental II, que é onde o trabalho precisa começar para realmente estancar a evasão e o baixo desempenho do Ensino Médio, pois começando um trabalho já nos anos finais provavelmente teremos efeitos importantes no Ensino Médio”, disse a secretária.

Apesar do cenário ainda bastante desafiador, para Inês Miskalo a divulgação dos dados é de extrema importância para a gestão das redes de ensino, pois oferece evidências e um mapeamento sobre quais as maiores necessidades e as forças de cada localidade e, ao mesmo tempo, do conjunto do País. “Mas é preciso ter também equipes preparadas em cada rede para analisar os dados e apoiar a tomada de decisões a partir dessas avaliações. O Brasil avançou muito em termos da qualidade das avaliações e dos dados disponíveis, mas ainda temos sérios problemas de qualidade, entre outros motivos por não conseguir transformar a informação em base para boas soluções aos desafios particulares de cada contexto”, afirmou.

“Não se trata apenas de buscarmos resultados de aprendizagem melhores, mas também de garantir a permanência do aluno, a motivação e o envolvimento do aluno com a escola. É importante olharmos para esses resultados e buscar construir uma educação que vá além de ter escolas para ensinar a ler e escrever. É ter políticas educacionais que apoiem o desenvolvimento pleno de todos os seres humanos”, defendeu.

Diversidade de estados

O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) também apresenta as médias e metas individuais para cada Estado, por considerar a diversidade entre as condições socioeconômicas e de infraestrutura, por exemplo. Os dados também podem ser analisados considerando apenas redes municipais, estaduais, federais e particulares. As informações são públicas e podem ser consultadas no site do Inep: http://ideb.inep.gov.br/resultado/

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

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