A motivação é um dos fatores que mais influenciam a forma como cada pessoa se comporta para atingir seus objetivos. No âmbito escolar, a motivação para aprender é um impulsionador do sucesso acadêmico dos estudantes: dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de 2015 permitem concluir que cerca de 30% dos resultados de aprendizagem dos jovens sejam devido à sua motivação. A boa notícia é que a vontade de aprender está longe de ser uma habilidade inata, podendo ser promovida de forma intencional pelos educadores nas suas interações com os estudantes.
Considerando a relevância do tema, o Instituto Ayrton Senna e o Porvir, plataforma de jornalismo e inteligência sobre inovações educacionais, conduziram uma escuta com educadores sobre o tema por meio de suas redes sociais e grupo de discussão com professores de diversas regiões do Brasil. “Pensar em caminhos para impulsionar a motivação para aprender é algo que ganha mais significado quando escutamos as percepções de quem faz isso todos os dias: professoras e professores”, afirma Marília Rocha, gerente de conteúdo e digital do Instituto Ayrton Senna.
A ação buscou investigar o que os professores já sabiam sobre o assunto e como mapeavam seus desafios e oportunidades em relação ao engajamento dos seus estudantes. “Escutar os educadores sobre desafios e soluções relacionados à motivação foi especialmente importante neste momento em que a comunidade educacional enfrenta um desafio tão grande para garantir engajamento e aprendizagem”, diz Tatiana Klix, diretora do Porvir.
Com mais de 620 respostas e interações nos perfis do Instagram das duas organizações, a escuta apontou alguns desafios: os educadores sabem da importância de motivar os seus estudantes, mas muitas vezes demonstram dificuldades em levar seus conhecimentos sobre motivação para a prática em aula.
No grupo focal com a participação de 10 educadores, os participantes revelaram ter pouco acesso a materiais e formações relacionadas ao tema, mas conseguem relacionar a motivação com conceitos presentes no seu dia a dia, como engajamento, inspiração e interesse. Revelado este cenário, a pesquisa também aponta caminhos: grande parte dos professores já conhece alguns dos temas e estratégias importantes para o fortalecimento da motivação para aprender. Confira alguns resultados e reflexões:
Um olhar para a formação
O engajamento escolar é relatado como um desafio pelos educadores. Entre os respondentes da escuta, 90% afirmaram ter dificuldade de motivar os seus estudantes. Apesar da sua importância, o tema ainda é pouco discutido em formações docentes iniciais ou continuadas: 71% dos educadores não tiveram contato com o assunto ao longo de seu percurso profissional.
Porém, existem boas oportunidades para avanços: metade dos educadores relatam que já tiveram contato com temas que constituem a motivação em suas formações, como autoconhecimento, projeto de vida e competências socioemocionais.
Apesar da lacuna de formação, quando perguntados sobre como definiriam a motivação, os educadores demonstram que a prática pedagógica já ofereceu algumas pistas sobre o assunto. Entre as respostas, a motivação é definida por eles como “força que te impulsiona a atingir suas metas”, “é um processo que depende de fatores intrínsecos e extrínsecos”, engajamento na aprendizagem” e “é a capacidade de se colocar cognitivamente ativo em uma determinada atividade”, por exemplo. Entre os participantes do grupo de discussão, também surgiram termos como “força para aprender”, “curiosidade e interesse” e “potência para agir”.
Na Sala de Aula
Um dos primeiros passos para engajar os estudantes com a aprendizagem é identificar como anda a sua motivação para aprender e mapear alguns dos seus interesses.
A maioria dos educadores revelou que busca oferecer espaços para reflexões: 93% dos respondentes buscam mostrar para os estudantes que eles podem encontrar temas que queiram aprender por fazer e interesse e 76% promovem atividades para checar como está o engajamento dos alunos. “Quando a gente promove um pouco mais de escuta e de participação, conquista o respeito e todo mundo vai se entendendo como parte do processo.
Então, as coisas fluem de uma maneira mais legal”, afirmou um dos educadores que participaram da discussão. Entretanto, a escuta demonstrou que tais intervenções não se davam de forma estruturada e intencionalmente conectadas ao cotidiano escolar, mas sim conforme as percepções dos educadores em suas interações com os estudantes.
A partir das observações dos educadores, propostas conectadas com os interesses dos estudantes, metodologias ativas e atividades mão na massa estão dentre as que mais motivam os alunos. “É preciso relacionar os conteúdos com as práticas, entender os interesses e demandas dos alunos, a vida fora da escola e o que acontece dentro da escola”, afirmou uma professora no debate.
Na escuta também foram abordados os desafios trazidos pela pandemia, sendo perguntado aos educadores como eles motivam os seus estudantes a continuarem estudando, prevenindo a evasão escolar. Entre as dificuldades de engajamento mapeadas pelos educadores, estão desafios como falta de formação para chamar a atenção de uma geração hiper conectada, o número de alunos em sala de aula e a sobrecarga dos professores.
Para além do engajamento com a atividade, a autorregulação é uma etapa fundamental da motivação, já que consiste na aplicação de estratégias de gestão da aprendizagem pelo próprio estudante, incluindo autoavaliações, apropriação dos seus resultados de aprendizagem e possível implementação de novas estratégias.
Quando questionados sobre perguntas que podem ajudar na autorregulação dos estudantes, 71% dos professores dizem ter o costume de trazer esses questionamentos para a sala de aula.
Apoie o futuro
Assim como em suas demais atividades, os educadores precisam de apoio institucional e oportunidades de desenvolvimento profissional para motivarem os seus estudantes de forma mais efetiva. Eles também ressaltaram a importância do apoio dos colegas. “A dificuldade, às vezes, é o alinhamento da equipe.
Mesmo estando em uma escola de tempo integral, que tem espaço para diversificar metodologias, quando eu comecei com o trabalho de projetos, tive que acertar algumas coisas com colegas que não entendem esse modelo”, revelou uma educadora.
Quase todos os educadores ouvidos, 95%, revelaram que gostariam de saber mais sobre o tema. Quando considerado o apoio necessário, os educadores relataram que seus gestores e diretores escolares poderiam auxiliá-los promovendo mais formações, ouvindo mais os educadores, aumentando o contato com os estudantes e famílias e divulgando mais o assunto.
Saiba Mais
Com o objetivo de apoiar os educadores promoverem a educação dos estudantes, o Instituto Ayrton Senna tem disseminado um conjunto de conteúdos e informações relevantes sobre o tema. Para acessar o hub temático, clique aqui.
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