O livro digital, disponível gratuitamente, traz conceitos sobre a implementação de uma proposta de educação integral no Ensino Médio e oferece pontos práticos.
Um dos elementos da Educação Integral, a integração curricular pode ser um dos maiores desafios no cotidiano escolar, mas é um caminho importante para gerar mais significado àquilo que o estudante aprende em cada disciplina. Para realizar esta integração, os professores são convidados a trabalhar num ambiente colaborativo, desenvolvendo-se e se aprimorando ao mesmo tempo em que pensam em conjunto caminhos para garantir também o desenvolvimento pleno dos estudantes. Para contribuir com a disseminação de metodologias e práticas que favorecem a integração curricular, o Instituto Ayrton Senna lança um novo e-book que pode ser compartilhado por educadores e gestores.
Apesar dos desafios de se implementar um currículo integrado, educadores de Santa Catarina têm criado estratégias para alcançar este objetivo. Por meio do Programa de Ensino Médio Integral em Tempo Integral (EMITI), fruto da parceria entre a Secretaria de Educação do Estado e do Instituto Ayrton Senna, professores e coordenadores assumiram o desafio de mudar seu cotidiano por meio da construção de práticas educacionais inovadoras desenvolvidas de forma colaborativa. Para dar visibilidade a esse trabalho e disseminar boas ideias, 23 escolas catarinenses compartilharam suas práticas no ebook “Caminhos para a Educação Integral: saberes e fazeres docente na constituição de um currículo integrado”.
O livro digital, disponível gratuitamente a qualquer educador interessado, traz também conceitos sobre a implementação de uma proposta de educação integral no Ensino Médio e oferece exemplos de como professores podem trabalhar por área do conhecimento, desenvolver projetos escolares e colocar em prática metodologias ativas. A partir das comunidades de práticas, por exemplo, os docentes mostram como podem trazer suas experiências, vivências e conhecimentos prévios para a implementação de inovações, promovendo também o protagonismo docente e a colaboração com os seus pares.
Um dos educadores a contar sua experiência foi a coordenadora pedagógica Ivonete Vanzela, coordenadora do Programa EMITI na Escola de Educação Básica Gomes Carneiro, localizada na cidade de Xaxim (SC). Em sua escola, os professores puderam participar de encontros para construírem, de forma colaborativa, as novas diretrizes de como seria estruturado o currículo escolar, assim como refletirem sobre sus práticas. Para isso, foi criado um grupo de Planejamento por Área do Conhecimento (PAC) e um de Planejamento Integrado Comum (PIC). A partir das reflexões propostas por estes espaços, os professores elencaram a Educação por Projetos como um dos pilares da integração curricular na escola.
Neste cenário, Ivonete considera que o papel do coordenador deve ser o de desconstruir a ideia de que o professor é somente um detentor do conhecimento, além de estruturar todo o processo de planejamento e sistematização dos projetos. “Cabe ao coordenador organizar e fazer parte do Conselho de Projetos, bem como acompanhar os objetivos e finalidades para que eles se cumpram; é também preciso que esteja no radar deste educador realizar constantes estudos e reflexões junto aos professores sobre as competências socioemocionais, para que eles consigam exercitá-las com seus estudantes orientandos”, diz Ivonete.
Na Escola de Educação Básica Ivo Silveira, em Palhoça (SC), o trabalho também envolveu professores de diferentes disciplinas em encontros de planejamento por área de conhecimento. Compreendendo que um dos desafios do Ensino Médio é incentivar os jovens a se tornarem leitores críticos, mobilizando diversos conhecimentos para interpretar textos, as professoras de Língua Portuguesa, Cinara Peres e Fabíola Piovezan, propuseram aos alunos um julgamento simulado da personagem Capitu, do romance de Machado de Assis. Em uma trama cheia de significados dúbios e mensagem subjetivas, a dramatização do tribunal buscava responder à pergunta: Capitu traiu ou não Bentinho, o protagonista do livro? “Todos os argumentos deveriam ser embasados na obra, e isso fez com que os alunos lessem com afinco o livro, em uma leitura investigativa”, conta Cinara Peres.
Para realizar a atividade, além de trabalhar juntas as professoras tiveram que mobilizar a colaboração dos demais professoras das disciplinas de Ciências Humanas. “Integramos os professores de Filosofia, Sociologia e História como jurados do tribunal, uma vez que os estudantes estavam trabalhando com um debate regrado”, diz. Para a professora, essa proposta de integração entre disciplinas, assim como o projeto, auxiliaram os estudantes a desenvolverem competências como a responsabilidade, o pensamento crítico, abertura ao novo e colaboração.
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