Por Mozart Neves Ramos
(IstoÉ Online ‐ Opinião ‐ 16/08/2017)
Um dos grandes desafios de nosso país é alinhar o desenvolvimento econômico ao social. Isso é fundamental para que tenhamos de fato um Brasil mais justo e de oportunidades similares para todos. Essa questão pode ser evidenciada quando olhamos nossas posições do Produto Interno Bruto (PIB) e do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no ranking mundial. Com relação ao primeiro indicador, que representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos, o Brasil ocupa a 9ª posição, enquanto o seu IDH encontra-se na 79ª posição.
Levando-se em conta que o IDH é aferido com base em três critérios: educação (média de anos de estudo e anos esperados de escolaridade), saúde (expectativa de vida ao nascer) e renda (medido pela Renda Nacional Bruta – RNB, com base na Paridade de Poder de Compra por habitante), e que a educação tem uma forte influência sobre os dois últimos, como veremos a seguir, vencer este hiato passa necessariamente pela educação. Não é o único fator para que isso ocorra, mas sem ela não vamos conseguir.
Estudos da Unicef, relativos à mortalidade infantil, revelam que crianças com mães de baixa escolaridade têm três vezes mais possibilidade de morrer antes de completar cinco anos de idade do que crianças com mães que têm alta escolaridade.
Com relação à renda, estudos do economista Marcelo Néri da FGV-RJ mostram que até quatro anos de estudo o salário do trabalhador brasileiro cresce, em média por ano de estudo, algo em torno de 11,6%. Mas, se o número de anos de estudo crescer de 14 a 18 anos, o impacto será cerca de 35,6% por ano de estudo! Para regiões de maior índice educacional, como Sul e Sudeste, as taxas de retorno são menores. Por exemplo, na região Sul é de 12% por ano de estudo, enquanto no Nordeste é de 17%. Ainda de acordo com Néri, a Educação perdeu um pouco a capacidade de determinar salário, mas é ainda o fator mais importante para a composição dos rendimentos.
O Brasil tem melhorado bastante em termos de anos de estudo nas diferentes faixas etárias, como mostra a tabela a seguir:
Número médio de anos de estudo por faixas etárias entre 2001 e 2011
Faixa etária | 2001 | 2011 |
---|---|---|
25 a 30 anos | 7,4 | 9,6 |
31 a 40 anos | 6,9 | 8,5 |
41 anos ou mais | 4,9 | 6,3 |
Fonte: Pnad/IBGE
Esse aumento do número médio de anos de estudos da população brasileira, especialmente entre os mais jovens, vem acompanhado, como esperado, de um significativo aumento na renda per capita. Dados da Pnad/IBGE revelam um consistente aumento na renda domiciliar real per capita em nosso país. Em 2003, por exemplo, o valor era de R$ 687,00, mas passou para R$ 932,00 em 2011.
Não só por isso, mas também por isso, vale a pena estudar! Investir em educação é o caminho mais seguro entre uma vida de extrema pobreza e uma vida plena de oportunidades, como disse o grande líder mundial Nelson Mandela. Por isso, um Brasil mais justo passa, necessariamente, pela educação.
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