Buscando apoiar escolas municipais de todo o país a planejar a retomada às aulas presenciais a partir de uma visão de desenvolvimento pleno e educação integral, o Instituto Ayrton Senna e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) lançaram, nesta sexta-feira (2), o “Volta ao Novo – Programa de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais”.
A iniciativa pretende oferecer apoio às secretarias municipais de educação em relação às competências socioemocionais. O projeto visa ressaltar a importância de habilidades como tolerância à frustração, empatia, entusiasmo, foco, imaginação criativa, e muitas outras para o acolhimento da comunidade escolar como um todo e também no planejamento para o retorno às aulas presenciais, independentemente de quando ele aconteça em cada localidade.
A iniciativa, que já mobilizou 26 secretarias estaduais de educação entre junho e setembro deste ano por meio de parceria com o Consed (Conselho nacional de secretários estaduais de Educação), agora tem potencial de atingir também as redes de ensino dos 5.568 municípios brasileiros, e considera especialmente os possíveis efeitos do isolamento social para o bem-estar de educadores.
Para que todos consigam lidar melhor com as mudanças de rotina, inseguranças e ansiedade, naturais aos novos tempos que vivemos, o programa visa compartilhar conhecimento sobre o que são e como se desenvolvem as competências socioemocionais dos cinco grandes grupos da matriz do Instituto Ayrton Senna: resiliência emocional, abertura ao novo, autogestão, amabilidade, engajamento com os outros.
No encontro de lançamento, que contou com a participação de dirigentes municipais de educação, membros das equipes técnicas das secretarias municipais de educação e professores e demais profissionais da educação, participaram Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, Emílio Munaro, vice-presidente de Desenvolvimento Global e Comunicação do Instituto, e Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime e Dirigente Municipal de Educação de Sud Mennucci (SP). “Professor e escola não abandonaram alunos, e a Undime não abandona os dirigentes municipais; tivemos que pensar em como fazer a educação seguir acontecendo no Brasil”, disse Luiz Miguel. “Logo ficou evidente para nós a importância do cuidar para além das questões pedagógicas, e sim do socioemocional, pois todos estamos sendo impactados”, ressaltou.
Ao iniciar sua apresentação, Viviane Senna ressaltou o papel da Undime e do Consed em direcionar a educação do país. “Os órgãos têm assumido um papel muito importante, e eu fico feliz em ver tantos dirigentes, de todas as partes do país, buscando oferecer a crianças, jovens, professores e gestores, todo o arsenal de que eles vão precisar para enfrentar esse momento”, disse. “Muitas vezes a gente tem a sensação de que a pandemia vai terminar e as coisas vão voltar para seus lugares como eram, no ritmo que eram, só que nós já sabemos que isso dificilmente vai acontecer, não só pelas questões trazidas pela própria pandemia, mas porque ela apenas amplifica e exemplifica um mundo de constantes mudanças, imprevisibilidade, instabilidade e ambiguidade. A pandemia é um exemplo muito tangível do chamado mundo VUCA, que já estava em acelerada transformação por conta da tecnologia e que agora terá desdobramentos cada vez maiores.”
Ao falar sobre esses desdobramentos nas grandes descobertas científicas, na rotatividade do conhecimento técnico e na necessidade de atualização constante, Viviane provocou a reflexão sobre o modelo de educação que é preciso construir. “Todos estamos impactados por esse cenário imprevisível, não sabemos o que vai acontecer, se vai ter aula ou não vai ter aula presencial, se vai terminar a epidemia, se a economia vai desmontar se não vai desmontar, e percebemos que o nível de preparo que a educação vinha oferecendo não está sendo suficiente para segurar as pontas.
Pesquisas mostrando isso: alunos, professores, todos dizendo que precisam de suporte socioemocional. Estão todos com dificuldade de se organizar e ter disciplina e persistência para seguir. A pandemia esta mostrando que aquilo que a gente vem dando na escola é insuficiente para preparar pessoas para cenários dessa natureza”, afirmou.
“A grande pergunta não é só o que a gente faz com as crianças após a epidemia, mas o que vamos fazer com alunos para prepará-los para esse cenário em que eles vão viver. Que formação eles vão precisar para viver num mundo nesse nível de imprevisibilidade, inseguranças, incertezas, ambiguidades”, refletiu, defendendo um modelo de educação integral, que ofereça oportunidades de desenvolvimento tanto para os aspectos cognitivos quanto socioemocionais. “Ninguém aprende a escrever de maneira informal, ou a calcular sem querer. Assim também qualquer habilidade socioemocional precisa ser desenvolvida.
De maneira tão intencional, organizada, planejada e explícita quanto qualquer outra cognitiva”. Ao lembrar que os próprios gestores de Educação presentes no lançamento também utilizaram essas competências para poder ter sucesso na vida, além do conhecimento, Viviane ainda ressaltou que estudos mostram que promover essas competências na escola é também um importante facilitador do processo de aprendizagem. “Essas capacidades não são um trabalho adicional, são um apoio essencial para o estudante aprender e também para diversas conquistas na vida”.
Para garantir que os próprios educadores tenham acesso a esse conhecimento, o programa Volta ao Novo vai manter um formato com três frentes de ação: a realização quinzenal de lives temáticas abertas para participação de toda a comunidade escolar; o compartilhamento de materiais de apoio sobre cada um dos temas trabalhados; e uma série de webconferências fechadas para representantes técnicos de todas as seccionais da Undime.
“Os 79 profissionais foram escolhidos com muito critério por cada seccional, e são de alto gabarito; eles terão o privilégio de participar e terão o compromisso de multiplicarem esse conhecimento junto aos municípios”, explicou Luiz Miguel. “É preciso que cada unidade estadual trabalhe com muito afinco, divulgando junto aos municípios para que isso possa ser também multiplicado dentro de cada município e chegar a professores e alunos, em uma cascata de comprometimento.”
“O objetivo é entregar formação de alto nível, para que isso possa ser decantado em todos os municípios”, afirmou o vice-presidente Emílio Munaro, que será o mediador de todas as lives abertas ao público. A primeira transmissão ao vivo será realizada no dia 7 de outubro com objetivo de envolver professores, famílias e a sociedade em geral, a fim de que todos conheçam a importância da resiliência emocional. Todo o conteúdo aberto estará disponível na página especial do Instituto Ayrton Senna sobre competências socioemocionais em contextos de crise, bem como no site da Undime.
Para saber como participar das lives, basta acessar o site da Undime e suas redes sociais. Se quiser saber mais sobre as competências socioemocionais, acesse a página especial no site do Instituto Ayrton Senna sobre o tema.
Programação completa das lives abertas ao público:
- Live 1 – Resiliência Emocional: 7/10 – 15h (horário de Brasília);
- Live 2 – Abertura ao Novo: 21/10 – 15h (horário de Brasília);
- Live 3 – Autogestão: 4/11 – 15h (horário de Brasília);
- Live 4 – Amabilidade: 18/11 – 15h (horário de Brasília);
- Live 5 – Engajamento com os outros: 2/12 – 15h (horário de Brasília).
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