Em parceria com o Instituto Ayrton Senna e com coleta em Sobral (CE), estudo relaciona contextos socioemocionais com educação, carreira e bem-estar
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) publicou hoje o relatório “Social and Emotional Skills for Better Lives” (Competências socioemocionais para uma vida melhor, em tradução livre). O Brasil participou pela primeira vez como campo de implementação do estudo principal. A pesquisa da OCDE foi implementada no Brasil, em parceria com Instituto Ayrton Senna, na cidade de Sobral (CE). Participaram da segunda rodada do estudoestudantes de 10 e 15 anos de idade, de 16 países e entidades subnacionais ao redor do mundo. O estudo avaliou competências socioemocionais de desempenho de tarefas, de regulação emocional, de engajamento com os outros, de abertura ao novo e de colaboração.
O que dizem os dados?
O relatório apresenta a distribuição dos índices de desenvolvimento socioemocional em diferentes grupos sociodemográficos, permitindo a identificação das desigualdades.
Recorte de gênero
EM GERAL, as meninas relatam tolerância, determinação, empatia e responsabilidade significativamente maiores na maioria dos locais em comparação com os meninos aos 15 anos.
Os meninos tendem a relatar maiores níveis de desenvolvimento das competências de regulação emocional, entusiasmo, confiança, iniciativa social e autocontrole em comparação com as meninas. Na maioria dos locais, no grupo de estudantes de 10 anos, os meninos relataram níveis mais baixos de empatia, responsabilidade, tolerância, autocontrole e criatividade do que as meninas.
No recorte de gênero, a amostra geral sugere que as meninas adolescentes relatam tolerância, determinação, empatia e responsabilidade significativamente maiores na maioria dos locais em comparação com os meninos de mesma idade. O inverso acontece em competências como entusiasmo e confiança. Em Sobral, na adolescência, as meninas relataram níveis mais baixos dos que os meninos em várias competências, como tolerância ao estresse, controle emocional, entusiasmo, otimismo, autocontrole, confiança, iniciativa social e criatividade. Os meninos relataram níveis mais baixos de tolerância, empatia e determinação do que as meninas. Na infância, os meninos não relataram níveis mais baixos de quaisquer competências em comparação com as meninas.
A desigualdade no campo socioemocional
Focalizando em contextos socioeconômicos, estudantes de cenários desfavoráveis em Sobral tendem a apresentar níveis mais baixos de competências socioemocionais, especialmente relacionadas a abertura social e engajamento com os outros, em comparação com seus pares mais favorecidos. Em todos os territórios analisados no estudo, estudantes socieoconomicamente desfavorecidos reportam níveis mais baixos de todas as socioemocionais em comparação com os estudantes favorecidos. Em Sobral, na infância, os estudantes com contexto socioeconômico desfavorável relataram níveis mais baixos na maioria das competências do que os estudantes mais favorecidos, em média. Na adolescência, os estudantes com contextos socioeconômicos desfavorecidos relataram níveis mais baixos de competências de abertura ao novo (como curiosidade, tolerância e criatividade) e engajamento com os outros (assertividade e iniciativa social) do que os estudantes com contextos mais favoráveis.
Diferenças de idade
Em um enfoque etário, é notável uma queda no período de transição da infância para a adolescência. As perdas socioemocionais entre 10 e 15 anos acontecem em quase todas as competências, exceto empatia e tolerância. Em geral, competências como confiança, entusiasmo, iniciativa social e otimismo caem nesse período, enquanto estudantes mais velhos tendem a relatar maior empatia e tolerância do que os mais jovens.
Perspectivas profissionais
Os dados também permitem estabelecer conexões entre o desenvolvimento socioemocional com resultados educacionais e perspectivas de carreira. Em Sobral, o atraso escolar é mais frequente do que a média entre os locais, mas os níveis de falta às aulas são semelhantes ou abaixo da média. Entretanto, a maioria dos jovens tem ambições acima da média geral: 97% dos jovens de 15 anos espera concluir o ensino superior, enquanto 60% espera ter um emprego gerencial ou profissional aos 30 anos; as médias gerais são, respectivamente, de 87% e 54%. As ambições educacionais e profissionais dos alunos em Sobral estão associadas a níveis mais elevados de competências socioemocionais, especialmente aquelas relacionadas ao desempenho de tarefas e à abertura ao novo.
Os estudantes em Sobral demonstraram padrões mistos de hábitos saudáveis, com níveis mais baixos de consumo de frutas e vegetais e atividade física, mas menos tabagismo e consumo de álcool em comparação com a média geral. Em termos socioemocionais, níveis mais elevados na maior parte das competências estão associados a comportamentos de saúde melhores, maior satisfação com a vida e bem-estar psicológico. No recorte de gênero, as meninas relatam níveis mais baixos de saúde e bem-estar em relação aos meninos, especialmente em aspectos como satisfação com a vida e ansiedade em testes e aulas.
Lançamento nacional
O relatório da OCDE destaca a importância de promover o desenvolvimento socioemocional dos alunos em Sobral para melhorar não apenas seus resultados acadêmicos e perspectivas de carreira, mas também sua saúde e bem-estar geral. Esses dados são importantes para orientar políticas públicas educacionais, como foi discutido no lançamento do estudo, realizado na Bett Educar. Confira como foi!
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