O abandono escolar é uma realidade preocupante que afeta muitos jovens no Brasil. De acordo com dados censo 2022, quase 70 milhões de brasileiros de 18 anos ou mais estão fora da escola ou não concluíram a educação básica. E, segundo a OCDE, um quarto dos jovens brasileiros entre 18 e 24 nem trabalham e nem estudam.
Entre as possíveis causas para esse cenário, estão dificuldades enfrentadas por suas famílias, levando à busca por emprego, ausências frequentes, reprovações, falta de conexão com a escola, gravidez na adolescência, entre outros fatores.
No entanto, o desinteresse em estudar também é um fator significativo, conforme revelado em uma pesquisa do IBGE/Pnad, na qual 38% dos adolescentes entrevistados admitiram não se sentirem motivados para continuar na escola.
A realidade do abandono escolar: números e contextos
O abandono escolar é um problema que tem afetado significativamente a educação no Brasil, e compreender sua dimensão é crucial para abordá-lo de maneira eficaz. Segundo dados do Ministério da Educação, a estatística é alarmante, por representar um número substancial de jovens cujas trajetórias educacionais são interrompidas precocemente.
É importante ressaltar que o abandono escolar é mais prevalente nas escolas públicas, onde a falta de recursos e o acesso limitado a oportunidades, muitas vezes, contribuem para a desistência dos alunos. Entre 2017 e 2018, houve um aumento de 220 mil jovens desistentes nas escolas públicas, destacando a desigualdade no sistema educacional.
Os números revelam uma realidade preocupante, em que milhões de jovens estão perdendo a oportunidade de obter uma educação de qualidade e desenvolver habilidades necessárias para um futuro bem-sucedido. Esse cenário também tem implicações socioeconômicas significativas para o país, uma vez que o abandono escolar está associado a taxas mais altas de criminalidade, piores resultados econômicos e problemas de saúde mental.
O abandono escolar ocorre principalmente no Ensino Médio, quando muitos jovens enfrentam desafios complexos, incluindo dificuldades financeiras e problemas familiares, o que traz empecilhos para conciliar estudos e outros aspectos da vida. A motivação, problemas de relacionamento e até mesmo o bullying também podem ser circunstâncias que tornam ainda mais premente a necessidade de implementar estratégias eficazes de prevenção e intervenção, a fim de oferecer um futuro mais promissor para a próxima geração de brasileiros.
Por que os alunos desistem? As principais causas do abandono
O abandono escolar é um fenômeno complexo e multifatorial, influenciado por diversos fatores. É essencial entender esses motivos para implementar estratégias eficazes de prevenção e intervenção.
- Falta de motivação: muitos estudantes abandonam a escola devido ao desinteresse e desmotivação. A desconexão entre o currículo escolar e suas realidades contribui para essa falta de entusiasmo.
- Dificuldades financeiras: a necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família é uma razão comum para o abandono. A falta de recursos financeiros dificulta conciliar trabalho e estudo.
- Problemas familiares: conflitos familiares, instabilidade emocional e falta de apoio familiar podem levar ao abandono escolar. Um ambiente doméstico instável também pode afetar negativamente o desempenho acadêmico.
- Bullying e problemas de relacionamento e violência escolar: o bullying e outros problemas de relacionamento podem criar um ambiente escolar hostil, levando alguns estudantes a abandonar os estudos para escapar dessas situações.
- Falta de apoio educacional adequado: alunos que não recebem o suporte educacional necessário podem se sentir desencorajados e desmotivados. A falta de recursos, capacitação adequada dos professores e programas de suporte também contribuem para o abandono escolar.
- Gravidez na adolescência: especialmente para as meninas, gravidezes precoces também podem ser um motivo para desistência dos estudos
- Dificuldades de aprendizagem: devido à baixa aprendizagem nos anos do Ensino Fundamental e até mesmo durante a fase de alfabetização, muitos jovens chegam ao Ensino Médio sem os conhecimentos e habilidades para acompanhar essa etapa de ensino com qualidade. É importante ressaltar que tal cenário ocorre muitas vezes como uma bola de neve, em que o aluno não é alfabetizado com qualidade, por exemplo, e carrega essas dificuldades de aprendizagem ao longo de toda trajetória escolar.
A diferença entre abandono escolar e evasão escolar
Embora os termos “abandono escolar” e “evasão escolar” sejam frequentemente usados de forma intercambiável, eles se referem a situações ligeiramente diferentes:
- O abandono escolar ocorre quando um aluno deixa a escola e não retorna, muitas vezes permanentemente. Isso pode acontecer por várias razões, como as mencionadas anteriormente, e frequentemente resulta em impactos significativos na vida do estudante.
- A evasão escolar, por outro lado, refere-se a casos em que um aluno falta à escola regularmente, mas continua matriculado. Isso pode acontecer devido à falta de motivação, problemas de saúde, dificuldades de aprendizado ou outras questões que levam à ausência frequente, mesmo que o aluno não tenha oficialmente abandonado a escola.
Ambos os fenômenos são preocupantes e requerem atenção, e são mais recorrentes no Ensino Médio, mas as abordagens para lidar com eles podem ser ligeiramente diferentes. O abandono escolar envolve ações mais diretas para recuperar estudantes que já abandonaram a escola, como a busca ativa dos alunos, enquanto a evasão escolar envolve a implementação de medidas para manter os alunos engajados e frequentando as aulas regularmente.
Estratégias de combate ao abandono escolar: o que está sendo feito para mudar esse cenário?
Diversas estratégias estão sendo implementadas para combater o abandono escolar e a evasão escolar no Brasil, além de promover mais engajamento dos estudantes com a escola e seus estudos. Confira algumas ações que também podem ser realizadas para reforçar o pertencimento escolar dos estudantes e os mantenha estudando:
- Programas de apoio financeiro: implementação de bolsas de incentivo financeiro para apoiar a permanência escolar de alunos de baixa renda no ensino médio, como proposto pelo Ministério da Educação;
- Pacto estadual pelo enfrentamento à infrequência, ao abandono e à evasão escolar (PEEIAE): este pacto visa diagnosticar as causas da evasão escolar e planejar ações para enfrentar o problema de forma colaborativa e integrada. O pacto já foi assinado por estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais;
- Programas de suporte e orientação: oferecimento de programas como mentoria e tutoria para proporcionar um acompanhamento mais individualizado e personalizado aos estudantes em risco;
- Conscientização sobre a importância da educação: conscientização da comunidade sobre a importância da educação, incentivando o apoio à permanência dos estudantes na escola;
- Parcerias com empresas e instituições locais: colaboração com empresas e instituições locais para oferecer oportunidades de estágio e aprendizado, incentivando a continuidade dos estudos e a inserção no mercado de trabalho;
- Maior conexão entre escola e interesse dos jovens: promover oportunidades para que os estudantes se envolvam na escola com temas que tenham curiosidade em aprender também é importante para engajá-lo com a educação. Conectar a escola com a vida do jovem é fundamental para o motivar a concluir os estudos.
- Educação Integral: visão de educação primordial para o pleno desenvolvimento das crianças e jovens. Ela integra o desenvolvimento de habilidades socioemocionais no currículo educacional para preparar os jovens não apenas academicamente, mas também emocionalmente para os desafios da vida. Essa ampliação da de habilidades desenvolvidas torna a escola mais atraente para o jovem e conectada com a sua vida, gerando incentivos para continuar seus estudos.
- Aprendizagem adequada: garantir alfabetização e aprendizagem adequada nos primeiros anos do Ensino Fundamental para que o estudante seja capaz de seguir estudando e aprendendo.
- Busca ativa: É preciso criar um monitoramento de indicadores que ajudem a sinalizar quando um estudante apresenta indícios de que vai abandonar a escola e assim podermos atuar preventivamente. Se há risco de abandono, a escola deve buscar o jovem ativamente.
- Aprimoramento do Ensino Médio: É urgente o aprimoramento da proposta do Novo Ensino Médio que hoje tramita no Congresso e que teria o potencial de provocar mudanças nesta etapa de ensino para tornar o ensino mais atraente, bem como articulado com o mundo do trabalho.
Essas estratégias abrangem uma abordagem multifacetada para enfrentar o abandono e a evasão escolar, visando garantir que todos os jovens tenham acesso a uma educação de qualidade e oportunidades para construir um futuro promissor.
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