Saber ler e escrever com autonomia é decisivo para o desenvolvimento do ser humano, já que o domínio dessas habilidades pode nos levar a mais oportunidades e escolhas de vida.
Saber ler e escrever com autonomia é decisivo para o desenvolvimento do ser humano, já que o domínio dessas habilidades pode nos levar a mais oportunidades e escolhas de vida. Por isso, conhecer os processos cerebrais envolvidos na leitura é fundamental para desenvolver metodologias mais eficazes para alfabetização de estudantes e a neurociência nos sinaliza alguns caminhos nesse sentido.
A neurocientista cognitiva Maryanne Wolf, diretora do Centro de Dislexia, Aprendizagem Diversa e Justiça Social da Universidade da Califórnia, em Los Angeles/EUA, defende, por exemplo, que o hábito de ler em celulares e tablets pode alterar o modo como processamos a informação que lemos. Segundo ela, hábitos digitais favorecem uma leitura pouco aprofundada, em que os olhos passam rápido por textos e postagens diversas, o que pode contribuir para a diminuição da habilidade de entender argumentos complexos, fazer análises críticas e até mesmo criar empatia para opiniões diferentes.
Mas, calma! Ela também dá algumas dicas para lidar com esses problemas em relação a crianças e adolescentes:
1) Evitar o “multitasking”. Apesar de aumentar a capacidade de lidar com várias coisas ao mesmo tempo, algo bem exigido no mundo atual, o hábito da multitarefa cria dependência por constantes estímulos e desestimula a memória.
2) Aproveitar o tempo ocioso das crianças com atividades criativas e lúdicas longe das telas.
3) Ler para as crianças desde o nascimento. O hábito estimula conexões neurais, atenção recíproca e experiência tátil a partir dos livros.
4) Buscar equilíbrio no tempo de uso de celulares ou tablets. Cientistas não recomendam mais de duas horas diárias para crianças pequenas.
5) Explorar o uso de outras linguagens, como artes, música e expressão corporal, que colaboram para o desenvolvimento de competências socioemocionais.
Portanto, ler para as crianças desde cedo pode apoiar (e muito) o desenvolvimento delas. O Felipe é a prova disso: com muita persistência, determinação e curiosidade, ele superou sua dificuldade de aprender, formou uma coleção de livros e conta um pouco sobre a história do seu livro preferido: https://www.youtube.com/watch?v=VblRYWQafmM 2:40 – Livro preferido: O colecionador de infinitos
E para inspirar você, educador, convidamos alguns professores para falar um pouco sobre o livro que mais os inspira.
O Pequeno Príncipe
O livro “O Pequeno Príncipe”, do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, é um livro que tem grande impacto na minha vida. De forma lúdica, o autor escreve valores essenciais para a vida. O piloto encontra uma criança que se mostra frágil e vulnerável, mas que o leva a enxergar a vida de várias formas e perspectivas. Na minha vida como educador, muitas vezes me encontro dentro da escola como aquele que piloto que é convidado a olhar a vida com a perspectiva da ludicidade. A leitura nos abre para diversas descobertas do mundo e de nós mesmos.
Professor Renato José Queiroz Borges
Escola Municipal Saturnino Cabral – Salvador, Bahia
Frase: “Na minha vida como educador, muitas vezes me encontro dentro da escola como aquele que piloto que é convidado a olhar a vida com a perspectiva da ludicidade.”
Qual é a tua obra?
Esse livro de Mário Sérgio Cortella chegou em minha vida em 2016, em um momento difícil de relação interpessoal com minha liderança direta. A leitura me deu a certeza de que era hora de alçar novos voos, me dedicar exclusivamente à área da educação, já que também trabalhava em uma multinacional. As inquietações positivas sobre gestão, liderança e ética, de que o livro trata, serviram de suporte para mudança e amadurecimento. Mário Sérgio Cortella me fez enxergar que poderia canalizar todo meu potencial e encanto exclusivamente para área da educação e trilhar um caminho de sucesso, sendo o que eu sei fazer com primor: liderar. Me mostrou que ser um entusiasta é estimular a equipe e mostrar o resultado de um trabalho primoroso em cada detalhe, percebendo que as potencialidades dos indivíduos fazem a diferença na entrega do coletivo.
Gestora Escolar, Jaciara Nogueira dos Santos Araújo
Escola Municipal Saturnino Cabral – Salvador, Bahia
Frase: “A leitura me deu a certeza de que era hora alçar novos voos, me dedicar exclusivamente à área da educação.”
Capitães de areia
Um grupo de meninos que vive pelas ruas de uma metrópole, a minha metrópole. Esse foi o toque especial que o livro Capitães de Areia, de Jorge Amado, escreveu e que levo em minhas memórias até hoje. Fui tocada pelas histórias daqueles jovens pelas cidades de Salvador vivendo a liberdade da rua, mas sofrendo com o desalento de dormir ao céu aberto na Gamboa de Baixo ou no Trapiche.
Livros me levam para um outro mundo. Neles, eu vivo realidades a que só as letras podem me levar. Pedro Bala, Sem Pernas, o Professor…. Personagens tão humanos e possíveis que eu me sentia pegando carona em seus roubos e desventuras. Chorar com “Sem Pernas”, que achou uma família e conforto, mas a família da rua falou mais alto. Ou me encantar com o professor, menino que sabia ler e passava as noites lendo para os outros menores.
Os livros que me fazem esquecer que estou lendo e me fazem viajar. Capitães de Areia ressignificou minha cidade de Salvador e até hoje, 20 anos depois de ter lido a obra, passo pelo Trapiche e pelas ruas do centro da cidade e imagino os capitães de areia correndo e vivendo aventuras. Esses meninos eu levo comigo e ao Jorge, por mim muito amado, fica a gratidão e a reverência.
Professora de Inglês, Amanda Ribeiro Machado
Escola Municipal Saturnino Cabral – Salvador, Bahia
Frase: “Os livros que me fazem esquecer que estou lendo, me fazem viajar.”
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