A edição brasileira da obra é uma parceria do Instituto Ayrton Senna com o Centro de Práticas Esportivas da Universidade de São Paulo (CEPEUSP)
Mais do que aulas de educação física nas escolas ou prática de atividades esportivas, o letramento corporal coloca a atividade física no centro da vida das pessoas. Ser letrado corporalmente significa ter confiança, motivação, competência motora e compreensão para valorizar e assumir a responsabilidade em envolver-se em atividades de uso do corpo, além de suas necessidades diárias. Esses são os temas centrais de Letramento corporal – Atividades físicas e esportivas para toda a vida (Penso, 2019), trabalho de sólida base teórica da pesquisadora Margaret Whitehead, professora da Universidade de Liverpool, no Reino Unido.
O livro foi lançado durante a 5ª Semana Internacional Esporte pela Mudança Social (SIEMS), realizada entre os dias 25 e 28 de setembro, na capital paulista. O evento é uma iniciativa da Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), do Serviço Social do Comércio (Sesc) e do Instituto Ayrton Senna.
A edição brasileira da obra é um esforço coletivo do Instituto Ayrton Senna com o CEPEUSP e celebra uma longa parceria que, há mais de 20 anos, deu origem ao Programa de Desenvolvimento Humano pelo Esporte (PRODHE). O programa nasceu com o objetivo de garantir que crianças e jovens brasileiros tivessem acesso à prática esportiva de qualidade, apostando no esporte como um dos fatores essenciais ao desenvolvimento humano.
“O trabalho com esporte na perspectiva (…) da educação integral não se relaciona a apenas uma disciplina ou a um uso do corpo para atividades de alto rendimento, e sim a formas de superar tratamentos meramente fisiológicos ou instrumentais do corpo”, escrevem Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, e Emilio Antonio Miranda, diretor do CEPEUSP, na apresentação da edição brasileira do livro. Para eles, Margaret Whitehead advoga pelo valor social das práticas corporais e se afasta da concepção do corpo como instrumento meramente utilitário – ideias que são compartilhadas pelas instituições às quais fazem parte.
Inicialmente com o nome de Projeto Esporte Talento (PET), o Programa Educação pelo Esporte foi a primeira inciativa criada pelo Instituto Ayrton Senna, em 1995, em parceria com universidades. O programa tinha como eixo condutor as práticas esportivas aliadas às atividades artísticas, pedagógicas e de qualidade de vida, para trabalhar a consciência corporal, desenvolver competências e fortalecer a autoestima. O projeto estimula ainda a convivência com o outro, o trabalho em equipe, a cooperação, a resolução de conflitos e a cultura da paz. Através do programa, o Instituto já atendeu mais de 80 mil crianças e jovens de baixa renda no Brasil.
Um desses jovens foi o educador físico Thiago Oliveira Borges, aluno da primeira turma de canoagem do Projeto Esporte Talento. “A filosofia do projeto era ‘você quer continuar aqui, remando? Legal, mas você tem que ir bem na escola’. Eles cobravam que a gente levasse o boletim escolar”, conta. Hoje, com 36 anos, Thiago reúne um histórico profissional repleto de vitórias: se formou em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina, no Paraná; concluiu o mestrado em Ciência do Esporte pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o doutorado na University of Technology em Sidney, na Austrália. Durante a temporada na Austrália, Thiago foi um dos treinadores da equipe de canoagem medalhista de ouro nas Olimpíadas de Londres, em 2012. “Eu aprendi que na escola, assim como no esporte, você tem que se preparar”, conclui.
Deixe um comentário e
compartilhe sua avaliação
sobre o conteúdo.
COMENTÁRIOS
Ainda não há comentários. Seja o primeiro a comentar.