Por Mozart Neves Ramos
(Correio Braziliense ‐ Opinião ‐ 20/09/2016)
Há quatro anos, a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) compreendeu que a educação deveria ser o novo nome do desenvolvimento. Com essa visão, a Fiesc iniciava o movimento A Indústria pela Educação. A educação deixava de ser custo para se tornar investimento no futuro. Tive o privilégio de participar do seu nascimento sob a liderança do presidente Glauco José Côrte que, com seu jeito simples e acolhedor, foi agregando novos e novos atores de tal forma que, já no primeiro ano ‐ compreendendo o estratégico papel da Educação na construção de um novo futuro para a indústria de Santa Catarina ‐ mais de 2 mil empresas se engajaram ao movimento. Mas era preciso trazer os gestores públicos da Educação daquele estado, que compreenderam de imediato o que estava acontecendo e se engajaram com toda a força. Era o início de uma febre por educação em Santa Catarina.
Essa febre chamou a atenção de importantes institutos e fundações de empresas sediadas em São Paulo, mas com atuação nacional, como o Instituto Ayrton Senna, o Instituto Natura e o Google, além do Todos pela Educação ‐ no qual o movimento da Fiesc muito se inspirou quanto à forma de se estruturar e de atuar. A Indústria pela Educação foi assim ganhando cada vez mais musculatura. Para definir suas ações e estratégias, foi criado o Conselho de Governança da Indústria pela Educação, incluindo não só os atores já aqui mencionados, mas também uma representação de alunos da rede pública de ensino e de trabalhadores da indústria catarinense. Ou seja, um conselho plural e amplamente representativo, de presidentes de empresas a representantes sindicais dos trabalhadores, de secretários de educação a alunos da rede de ensino. E todos com o mesmo objetivo: tornar a educação o novo nome do desenvolvimento.
Para dar capilaridade ao movimento, em todo o estado de Santa Catarina, foram criadas Câmaras Regionais com estrutura de composição similar à do Conselho de Governança. Dezesseis câmaras encontram‐se hoje em plena mobilização pela causa.
Costuma‐se dizer que em educação os resultados demoram a surgir, mas aqui foi diferente: era a força do movimento que se fazia sentir em todo o estado. Um deles foi a criação de uma Lei Estadual que aproxima os pais da vida escolar de seus filhos. No terceiro sábado de cada mês de abril, os pais ou responsáveis conhecem a realidade da escola dos filhos, conversam com os professores e diretores, conhecem os projetos e o plano de desenvolvimento da escola.
Nessa mesma febre por educação, engajaram‐se mais de 2.200 voluntários no âmbito do projeto do movimento Eu Voluntário: Deixando o Meu Legado. Foi criado o “voluntariômetro”, que mede em tempo real a chegada de novos voluntários ‐ todos atuando com foco na educação.
O ex‐ministro da educação e senador Cristovam Buarque conheceu o movimento e ficou encantado, especialmente ele, que tanto tem procurado incentivar movimentos como esse pelo Brasil afora. O ministro da educação, Mendonça Filho, acabou de conhecer o movimento, e agora quer levá‐lo para os demais estados da Federação. O primeiro a aderir e criar um movimento similar foi Rondônia, através da Federação das Indústrias (Fiero).
Entretanto, há alguns meses, um importante fato aconteceu: a adesão de outras federações do estado de Santa Catarina ao movimento, como as do Comércio, dos Transportes e da Agricultura. Assim, não fazia mais sentido o nome A Indústria pela Educação, e sim Santa Catarina pela Educação.
É esse belo exemplo que o estado de Santa Catarina nos dá, mostrando ao resto do país que é possível pensar na construção de um novo Brasil, e que ela deve começar pela educação ‐ o novo nome do desenvolvimento. A questão que agora se coloca é como promover o Brasil pela Educação. Precisamos resolvê‐la agora, se quisermos deixar um país melhor para as futuras gerações.
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