Toda jornada começa com um rumo. Para que possamos seguir um caminho pertinente, precisamos saber para onde vamos e, a partir disso, identificar a melhor forma de realizar o percurso. Na educação, isso não é diferente. O desenvolvimento cognitivo já se apoia em processos avaliativos há tempos, mas sabemos que a educação integral requer um olhar específico também para as competências socioemocionais, que demandam formas específicas de monitoramento.
Para que esses aspectos também sejam contemplados de forma eficaz nas práticas educativas, é fundamental pensar em esforços que ajudem a identificar quais os pontos que precisam de maior desenvolvimento para encontrar apoiar os professores no desenvolvimento de competências que sejam relevantes para a sua atuação e carreira.
Olhar para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes é uma prática essencial para a concretização da integral. Com isso em mente, precisamos também considerar nesse processo o papel daquele que é o agente transformador fundamental da educação: o professor.
Em processos de interação e mediação da aprendizagem, sua atuação tem relação direta inclusive com inúmeros resultados – cerca de 30% do desempenho acadêmico dos estudantes pode ser atribuída ao docente. É preciso considerar também que, além da interação com os estudantes, a atuação docente inclui ainda uma série de ações com os pares e a comunidade escolar.
Todas essas frentes demandam domínio e uso de um conjunto amplo de habilidades e práticas que formam a identidade profissional do educador. Ao mesmo tempo, o cotidiano escolar apresenta diversos desafios para a manutenção da saúde emocional e do bem-estar do próprio educador, o que também pode ser promovido por meio do desenvolvimento e fortalecimento de determinadas competências.
Todos esses aspectos devem ser contemplados em mecanismos de suporte e apoio ao educador, oferecendo possibilidades de desenvolvimento que viabilizem uma prática voltada para a educação integral. Nesse sentido, o Instituto Ayrton Senna vem realizando pesquisas e iniciativas formativas voltadas para o âmbito socioemocional dos educadores, que levou ao desenvolvimento de uma matriz de competências específicas.
Você sabe o que são competências socioemocionais de professores?
Ao longo de anos de pesquisas e estudos, o Instituto desenvolveu uma definição completa sobre as competências socioemocionais e técnico-instrucionais de professores:
São características individuais que se manifestam em padrões de pensamentos, sentimentos e comportamentos, sendo originadas na relação recíproca de aspectos biológicos e ambientais. Elas continuam a se desenvolver por meio de experiências formais e informais de aprendizagem e podem ser adquiridas e desenvolvidas em formações iniciais e na prática profissional, além de poderem facilitar direta e indiretamente a aprendizagem dos estudantes e a interação com colegas, profissionais da educação, pais e sociedade.
A partir dessa definição, as características foram agrupadas em quatro macrompetências:
Além de sistematizar os achados, o desenvolvimento da matriz também permitiu o desdobramento em um instrumento autoavaliativo inédito. Esse tipo de instrumento abre um espaço de reflexão, apoiando o seu autoconhecimento e, a partir disso, a autorregulação do próprio desenvolvimento socioemocional.
“Fazer um bom monitoramento é um dos pilares de qualquer ação de desenvolvimento, e não deve ser diferente no caso da educação integral. Trabalhamos em prol do desenvolvimento pleno há quase duas década e percebemos que estender esse olhar ao educador é essencial”, afirma a Vice-Presidente de Educação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Tatiana Filgueiras.
De um ponto de vista mais abrangente, pensando em políticas públicas e em processos formativos em redes de ensino, o monitoramento socioemocional é recomendado para orientar programas, práticas e planejamentos. Ele permite mensurar quais pontos precisam de desenvolvimento e quais possuem um potencial ainda não explorado.
Assim como no caso dos estudantes, esse monitoramento:
a) não é adequado e suficiente para embasar políticas de responsabilização de professores, bônus ou sanção;
b) não permite traçar um perfil ideal do professor, uma vez que ele inexiste, dado que uma diversidade de características, que se combinam com outras variáveis, pode tornar o trabalho docente eficaz;
c) não deve criar rankings, já que há uma diversidade muito grande de elementos que, apenas em conjunto com esses resultados, podem conferir-lhes a possibilidade de interpretações acuradas;
d) não deve ser interpretado como um conjunto de características imutáveis, uma vez que podem ser desenvolvidas; e
e) não se presta a justificar ou naturalizar comportamentos, uma vez que estes são multideterminados.
Sob um olhar individualizado, o instrumento atua como uma bússola de autoconhecimento para os educadores. O próprio processo de resposta é um convite ao professor para realizar um mergulho em sua formação, em suas práticas e em seus objetivos de desenvolvimento.
As perguntas apresentadas envolvem situações ligadas diretamente à atuação em sala de aula, abrindo espaços para que o docente possa refletir sobre o que de fato está em impacta o seu desenvolvimento socioemocional e como esses fatores impactam emoções e comportamentos cotidianos.
Ter em mãos esses insumos e acessar formas de desenvolvimento é também uma maneira de lidar com as demandas e desafios do mundo atual, em que a complexidade de situações e mudanças impacta diretamente a formação e a atuação de professores.
Por isso, monitorar e trabalhar as competências socioemocionais abre caminhos para que os professores possam ser protagonistas de seu desenvolvimento, em uma perspectiva integral, fortalecendo-se e empoderando-se da maneira mais adequada para orientar seus estudantes a fazer o mesmo em sua própria formação e em seus projetos de vida.
A humane, novo ambiente digital de formação e desenvolvimento do Instituto, disponibiliza gratuitamente um instrumento de autoconhecimento em competências socioemocionais. Cadastre-se e acesse: https://bit.ly/3Sh5NQD
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