O programa Letramento em Programação, iniciativa desenvolvida pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com secretarias municipais de educação de São Paulo e Rio Grande do Sul, foi um dos destaques da 11ª edição da Campus Party, principal festival de tecnologia, inovação e empreendedorismo do país, que aconteceu entre os dias 30 de janeiro e 4 de fevereiro.
O programa foi apresentado pelo estudante Thomaz Ortiz Neto, aluno da rede municipal de Itatiba (SP), e por Luci Mara Gotardo, professora e coordenadora do programa na rede. Em apresentação no espaço Educação do Futuro, dedicado especialmente à experimentação e ao debate sobre o tema, eles contaram como a iniciativa contribuiu com a rotina das escolas da cidade.
Thomaz, que atualmente está com 14 anos de idade, participa do programa desde 2015 e na Campus Party teve a oportunidade de contar sobre seu projeto desenvolvido em parceria com outros estudantes durante as atividades de Letramento em Programação em 2017. “Ano passado, eu aprendi a programar um boné com sistema arduíno que auxilia deficientes visuais a se locomoverem sem esbarrar em obstáculos”, contou o aluno para o público que visitava o espaço. Em 2017, o projeto de Thomaz foi um dos ganhadores do Tech Oscar 2017, premiação anual que reconhece os projetos feitos por alunos que participam do programa.
De acordo com Luci Mara, a expansão do programa em Itatiba foi gradual ao longo dos anos, impactando centenas de alunos em 2017. “Inicialmente, o programa era realizado apenas no contraturno escolar. Para 2018, o objetivo é que ao menos 50% das turmas de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental também tenham acesso ao Letramento em Programação durante o horário de aula”, afirma.
Após as duas apresentações, o evento contou ainda com uma mesa-redonda sobre a importância do ensino de conceitos de programação computacional em escolas públicas, com a presença de Adelmo Eloy, coordenador da diretoria de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna; Anderson Sanfins, secretário municipal de Educação de Itatiba; André Luiz Francesco, secretário municipal de Educação de Limeira; e Marcos Borges, diretor do LIAG (Laboratório de Informática, Aprendizagem e Gestão) da Unicamp.
Segundo Adelmo Eloy, apesar de o tema estar crescendo no Brasil, as escolas ainda estão se adaptando a uma realidade em que o aluno tem mais acesso a celulares e smartphones. “Projetos como esse são importantes pois ajudamos as redes públicas nessa transição, não apenas dando acesso, mas ensinando os alunos a produzir e programar seus próprios projetos”.
De acordo com o diretor do LIAG, grupo que também realizada projetos de letramento com estudantes da rede pública, os jovens têm a necessidade de ter contato com o tema e por isso o tema é cada vez mais requisitado nas escolas.“Percebemos que quando recebem a oportunidade, eles respondem muito rapidamente. Alunos do 3º ano que não sabiam programar, por exemplo, conseguem desenvolver seus projetos iniciais após poucas horas de prática”, detalha.
Conheça mais sobre o programa
O Letramento em Programação promove atividades de iniciação a diversas linguagens de programação através de formações de professores, que podem ser de qualquer disciplina. O objetivo é proporcionar a eles a vivência e a compreensão do pensamento computacional e oferecer recursos para que os educadores possam incorporar e novos conceitos e práticas em sua atuação na escola.
Não é exigido dos educadores conhecimento prévio sobre computação ou informática, ainda que possa haver professores com formação nessas áreas também. O programa busca identificar profissionais que desejam aprender novos conteúdos e atuar no papel de mediador: alguém que não detém todo o conhecimento, mas que está disposto a facilitar o aprendizado dos alunos e aprende junto com eles.
Atualmente, o programa está presente nos municípios de Itatiba, Vinhedo e Morungaba, em São Paulo, e em mais sete municípios da região do Norte Gaúcho, no Rio Grande do Sul, beneficiando cerca de mil estudantes.
O projeto de Letramento em Programação tem apoio da Boeing.
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