fbpx

Competências Gerais da BNCC – Capítulo 4

Entenda as Competências Gerais da BNCC e veja como incluí-las no currículo escolar

7 MIN
5 dez 2022
Instituto Ayrton Senna Instituto Ayrton Senna

Navegue por aqui

Competências Gerais da BNCC e o Desenvolvimento Integral

As 10 Competências Gerais da BNCC são habilidades, atitudes e valores que, quando garantidas, promovem o desenvolvimento integral dos estudantes. Sendo assim, cada uma delas integra aspectos cognitivos e socioemocionais, tais como: comunicação, criatividade, pensamento crítico e científico, empatia, comunicação e autoconhecimento.

Ao destacar o compromisso com o desenvolvimento integral dos estudantes em suas diversas dimensões (intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica), a BNCC retoma orientações presentes na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNs), apresentando uma visão de educação integral que propõe a superação da divisão entre o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento socioemocional. 

O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E AS COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC

A partir das suas 10 competências gerais, a BNCC propõem, portanto, que os estudantes não têm apenas o direito de aprender, mas também de desenvolver suas emoções e relações sociais. Para isso, seria importante desenvolver as competências socioemocionais dos estudantes, que podem ser definidas como capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas. Elas podem ser observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social.

Por meio de estudos sobre o tema realizados na área da Psicologia, sabe-se que as competências socioemocionais não são fixas, ou seja, são flexíveis e maleáveis, manifestando-se com intensidade e modos diferentes de acordo com os elementos sociais e culturais que atravessam a história de cada pessoa, e sendo, assim, possíveis de serem desenvolvidas ao longo da vida.

MODELO DAS 5 MACROCOMPETÊNCIAS

Existem diferentes modelos científicos que visam a organizar os estudos das competências socioemocionais. Os pesquisadores do Instituto Ayrton Senna adotam um modelo com 5 macrocompetências, que organiza a ampla variação de competências socioemocionais em cinco grupos. São elas: Abertura ao Novo, Autogestão, Engajamento com os Outros, Amabilidade e Resiliência Emocional.

Esse modelo foi escolhido pelo Instituto Ayrton Senna pois organiza as competências socioemocionais de forma abrangente e, ao mesmo tempo, específica. Ele foi elaborado a partir de estudos sobre essas habilidades, já identificadas e validadas cientificamente, por meio de experiências práticas em diversos contextos, localidades e culturas.

No contexto brasileiro, as cinco macrocompetências foram desdobradas em 17 competências socioemocionais. identificadas como importantes de serem consideradas e desenvolvidas nas escolas. É importante ressaltar que essas 17 competências socioemocionais não abarcam todas as existentes, mas compreendem os aspectos socioemocionais abordados nas 10 Competências Gerais da BNCC.

Confira a relação entre as cinco macrocompetências e as 17 competências socioemocionais mencionadas:

Abertura ao novo

Diz respeito à capacidade de uma pessoa ser flexível, apreciativa diante de situações desafiadoras, incertas e complexas. Tem relação com a disposição para novas experiências estéticas, culturais e intelectuais. O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das competências socioemocionais curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico com: menor número de faltas na escola, avanço na escolaridade, aceleração do desenvolvimento de habilidades cognitivas, aumento de notas escolares e aumento do desempenho acadêmico nos componentes curriculares de Língua Portuguesa, História, Geografia, Física e Biologia. O desenvolvimento dessas competências socioemoecionais também está relacionado à realização de metas na futura vida profissional dos estudantes.

Amabilidade

Diz respeito à capacidade de conhecer pessoas e ser afetuoso, solidário e empático, ou seja, ser capaz de compreender, sentir e avaliar uma situação pela perspectiva e repertório do outro, colocando-se no lugar dessa pessoa. O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das competências socioemocionais empatia, respeito e confiança com a conclusão do Ensino Médio e a diminuição de indicadores de violência.

Autogestão

Diz respeito à capacidade de ter foco, responsabilidade, precisão, organização e perseverança com relação a compromissos, tarefas e objetivos estabelecidos para a vida. Também está relacionada à capacidade de autorregulação. O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das competências socioemocionais determinação, foco, organização, persistência e responsabilidade com: o avanço na escolaridade, o aumento de notas escolares e em avaliações externas, o aumento do nível de conhecimento e desempenho acadêmico em leitura, escrita e nos componentes curriculares de Matemática e Química. O desenvolvimento dessas competências socioemoecionais também está relacionado à realização de metas na futura vida profisisonal dos estudantes.

Engajamento com os outros

Diz respeito à motivação e à abertura para interações sociais. O que as evidências dizem: estudos mostram que o desenvolvimento das competências socioemocionais iniciativa social, assertividade e entusiasmo evita a evasão escolar e, na vida adulta, está relacionado a realizações no mundo do trabalho, à empregabilidade e ao equilíbrio salarial.

Resiliência Emocional

Diz respeito à capacidade de aprender com situações adversas e lidar com sentimentos como raiva, ansiedade e medo. O que as evidências dizem: estudos relacionam o desenvolvimento das competências socioemocionais tolerância ao estresse, autoconfiança e tolerância à frustração com o aumento das chances de ingresso no Ensino Superior e o aumento do desempenho acadêmico. Além dos resultados educacionais, o desenvolvimento dessas competências socioemocionais está relacionado à redução de faltas no trabalho, ao equilíbrio salarial, ao aumento das chances de reemprego, ao aumento do desempenho no emprego, à melhoria da saúde de adultos, à diminuição de distúrbios alimentares e à redução da probabilidade de depressão e propensão ao suicídio.

RAIO-X DAS 10 COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC

Uma análise das 10 competências gerais da BNCC buscou verificar quais das cinco macrocompetências e das 17 competências socieomocionais abordadas acima são mencionadas ou representadas no documento. Veja detalhes do resultado:

Evidências e socioemocionais

Confira no vídeo abaixo qual é a importância do desenvolvimento socioemocional para diversas áreas da vida

Thumbnail youtube

AS 10 COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC NOS CURRÍCULOS ESCOLARES

As 10 competências gerais da BNCC deixam evidente o compromisso que a Educação Básica precisa ter em relação à formação integral dos estudantes para que sejam capazes de se colocar no lugar do outro, ser colaborativos, flexíveis e sensíveis às questões coletivas. Sendo assim, o desenvolvimento socioemocional não pode constar em uma parte isolada dos textos do currículo, nem pode aparecer neles de forma subentendida, pouco valorizada ou apenas a serviço da aprendizagem de conteúdos. Ao contrário, deve ser um pilar central do currículo, aparecendo com intencionalidade no texto.

A escola oferece inúmeras oportunidades de identificar, desenvolver e colocar em prática essas competências socioemocionais, pois é onde o estudante passa parte significativa do seu tempo, em contato com o saber, os colegas e os professores, enfrentando desafios, seja em relação ao aprendizado, seja em relação ao convívio social. Portanto, a partir dos currículos estaduais e municipais, as escolas, em seus Projetos Político Pedagógicos (PPPs), devem planejar experiências e vivências que contemplem o desenvolvimento intencional das 10 competências gerais da BNCC.

COMO INCLUIR AS COMPETÊNCIAS NO CURRÍCULO

Chegou a hora de colocar a mão na massa! É importante lembrar que o desenvolvimento integral deve ser considerado para orientar a escrita de todo o currículo quanto à concepção das áreas do conhecimento, das didáticas, da formação continuada dos professores e do desenvolvimento e aprendizagens dos estudantes.  Veja, a seguir, algumas sugestões sobre como incluir as 10 competências gerais e o desenvolvimento socioemocional em cada parte do texto introdutório do currículo.

  • Marcos legais: A escrita sobre desenvolvimento integral deve mencionar que as competências cognitivas e socioemocionais são promotoras desse desenvolvimento.
  • Visão de estudante e de educação:  é importante destacar, especificamente quanto à visão de educação, que a dimensão socioemocional – entendida como o conhecimento de si, a capacidade de estabelecer objetivos e persistir em alcançá-los, a capacidade de ter sensibilidade com relação ao outro e às diferenças, a capacidade de tomar decisões íntegras, entre outras – é tão importante para a aprendizagem e a concretização de projetos de futuro e realizações na vida quanto os conhecimentos acadêmicos.
  • Temas contemporâneos: Deve destacar aspectos mais diretos que possibilitam a promoção do desenvolvimento integral dos estudantes. Entre esses aspectos, podem estar a indicação e a abordagem de temas transversais e integradores nos componentes curriculares.
  • Diretrizes do que o estudante deve saber: Prever a elaboração de uma matriz de competências, que, ao levantar e definir competências específicas que os estudantes devem desenvolver no contexto local, é capaz de comunicar a todos o sujeito que se quer formar na perspectiva da educação integral.

Veja abaixo onde incluir as 10 Competências Gerais da BNCC e o desenvolvimento integral no texto introdutório do currículo:

 

COMO CONSTRUIR UMA MATRIZ DE COMPETÊNCIAS DA REDE DE ENSINO

A construção de uma matriz de competências da rede ou sistema de ensino, que oriente a forma de trabalho nas escolas considerando a necessidade de formar sujeitos plenos para viver no século 21, é fundamental para colocar o desenvolvimento integral em prática.  A matriz  é importante para que fique evidente aos gestores, professores, estudantes e familiares  as escolhas pedagógicas intencionais , e competências socioemocionais a serem desenvolvidas, a constar nos Projetos Político Pedagógicos (PPPs) das escolas e nos planejamentos de aulas dos professores.

Para a construção de uma matriz de competências, é importante considerar o resultado das escutas com estudantes, familiares e educadores, e também levar em conta as 10 Competências Gerais da BNCC.  Ela não pode ser planejada e construída em forma de lista, mas sim como uma imagem que representa a relação entre as diferentes competências socioemocionais.

O currículo também precisa garantir que as competências socioemocionais previstas na matriz tenham o seu desenvolvimento acompanhado nas escolas por meio de avaliações formativas. Esse tipo de avaliação possibilita que os próprios estudantes sejam, junto aos professores, responsáveis pelo acompanhamento de seu desenvolvimento de forma personalizada e individual. Ao mesmo tempo, é importante que a matriz de competências seja viável em termos de implementação. Isso implica planejar e escrever como ela poderá ser intencionalmente trabalhada nas escolas.

Confira na imagem a importância de definir uma matriz de competências socioemocionais a serem desenvolvidas na escola:

 

Para saber mais sobre a BNCC, continue navegando no guia especial:

Instituto Ayrton Senna
Instituto Ayrton Senna Organização sem fins lucrativos comprometida com a educação

Deixe um comentário e
compartilhe sua avaliação
sobre o conteúdo.

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Comentários (4)
Aguarde